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Relatório final do Ministério Público culpa obras pela tragédia de Mariana

Tragédia deixou 18 mortos, 1 desaparecido e provocou uma enxurrada de rejeitos (Foto: Neno Vianna/EFE)
Tragédia deixou 18 mortos, 1 desaparecido e provocou uma enxurrada de rejeitos (Foto: Neno Vianna/EFE)

O relatório final do Ministério Público de Minas (MP-MG) sobre as causas do desmoronamento da barragem da Samarco em Mariana (MG), em 5 de novembro de 2015, aponta que uma construção na parte da frente da represa aliada a alteamentos (ampliações) em velocidade superior a de qualquer registro histórico causou a ruína da obra.

O jornal "O Estado de S. Paulo" teve acesso à análise da tragédia, que deixou 18 mortos e um desaparecido e provocou uma enxurrada de rejeitos até o Espírito Santo.

As investigações técnicas do Ministério Público foram feitas em parceria com as empresas Geomecânica e Norwegian Geotechnical Institute (NGI).

Na perícia, observou-se que o chamado "recuo na face da barragem" foi realizado em 2013 para possibilitar reparos em galerias da represa que apresentavam problemas de vazamento.

Em seguida, a mineradora promoveu elevações para aumentar o armazenamento, desestabilizando toda a estrutura. O recuo não estava previsto no projeto original da barragem, segundo afirma o MP.

Sobre as obras para aumento da capacidade da represa, o relatório afirma que a velocidade de alteamento entre 30 de julho e 2014 e 26 de outubro de 2015 foi de 12,3 metros/ano. A taxa recomendada para o setor é entre 4,6 metros e 9,1 metros/ano.

Conforme as análises, "desde o início da operação [em 2008] a barragem apresentou constantes ocorrências de surgências (vazamentos), principalmente na ombreira direita [parte frontal da represa], além de outros problemas de drenagem variados". O relatório parcial da Polícia Federal, de janeiro, também apurava como causa do rompimento o alteamento.

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