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O CANDIDATO DE JAIR BOLSONARO

Rio de Janeiro – A escolha do candidato de Jair Messias Bolsonaro à presidência da República em 2026, não foi nada fácil.

As negociações com o Partido Liberal, o Centrão, a Extrema Direita, e o bispo Malafaia, foram difíceis, tensas e cobertas de sigilo. Agora que Bolsonaro já escolheu o seu candidato, posso, pela primeira vez, revelar como o ex-presidente conseguiu que as partes entrassem em um acordo.

Nunca assisti a nenhuma dessas reuniões, mas posso imaginar que deve ter sido alguma coisa mais ou menos assim:

Reprodução | Redes Sociais. 

Bolsonaro chamou Michelle Bolsonaro na sede da superintendência da Polícia Federal, em Brasília, para comunicar que já tinha escolhido o nome do futuro candidato à presidência da República. Michelle chegou a PF toda empolgada. Desceu do carro exibindo um sorriso de orelha a orelha, certa de que receberia a bênção de Bolsonaro para se tornar a pré-candidata à presidência no próximo ano.

- O que foi, Meu Galego, porque você me chamou tão cedo? Quer me dizer alguma coisa? - perguntou a ex-primeira-dama, sorridente.

- Quero sim! Quero comunicar que já decidi quem vai concorrer ao cargo de presidente na próxima eleição, taokey? Quem vai levar meu nome de volta ao Palácio do Planalto e defender o bolsonarismo com unhas e dentes.

- Você me escolheu, amorzinho!!??? - gritou, Michelle, saltando de alegria.

- Não! Você, não! Você é mulher!! Onde já se viu isso daê? Colocar uma mulher na presidência, tá maluca? Viu o que aconteceu com a Dilma?

- Em quem você pensou, então? - indagou a ex-primeira-dama, segurando o choro. - Tarcisio de Freitas?

- Não! Tarcísio, não! Eu não confio nesse daê. Se ele se eleger, ele abandona o bolsonarismo como fez com a cidade de São Paulo. E, pior, me deixa morrer na cadeia.

- Eduardo Bolsonaro?

- Não! Se o Eduardo voltar ao Brasil o Alexandre de Moraes manda ele pra Papuda. Ele vai ficar morando nos EUA; inclusive já montou uma hamburgueria com o Paulo Figueiredo e o Rodrigo Constantino, perto da Quinta Avenida. Acho que o nome é ‘Os Três Patetas’.

- O Ratinho? - perguntou.

- Nada disso! Com esse negócio aê das jóias, o Brasil já ficou com uma má fama lá fora, imagina se vem aê um presidente com o nome de Ratinho? Vai virar piada internacional, taokey?

- Romeu Zema? - chutou, Michelle.

- Não! Claro que não! Zema não tá conseguindo administrar Minas Gerais, imagina o Brasil! Esse daê se der duas tartarugas para ele tomar conta, uma foge e a outra engravida.

- Então, quem você escolheu? - quis saber, Michelle.

- O Zero Um!

- Flávio? O dá rachadinha!? - exclamou a ex-primeira-dama. - Jair, você tá louco!? O Flávio tá mais sujo que pau de galinheiro. É rachadinha, imóveis comprados com dinheiro vivo, envolvimento com milícias, loja de chocolate, mansão em Brasília… Ele foi denunciado pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, peculato, e apropriação indébita. Se ele ficar um dia sem foro privilegiado, ele é preso na hora. Isso é loucura! A esquerda vai depenar ele em praça pública.

- É tudo fake news, isso daê, porra! - gritou Bolsonaro.

- Olha aqui… - disse Michelle, mostrando o celular. - O mercado financeiro não recebeu com alegria a sua decisão. Logo após a notícia, a Bolsa desabou e o dólar disparou.

De repente, o telefone da ex-primeira-dama toca.

- Jair, Flávio vai desistir da candidatura! Tá tentando vender a vaga. Inclusive já declarou que tem “um preço”.

- Vender? Aonde? No Mercado Livre?

Ediel Ribeiro

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Coluna do Ediel

Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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