Polícia

Quadrilha de PMs é presa

carro crivado de balas
O inspetor Bruno escapou do atentado a tiros feito pela quadrilha de PMS. O 'modus operandi' foi igual ao assassinato da vereadora Marielle e do motorista Anderson. Foto: Divulgação

Cinco PMs e um alcaguete (X-9) que formavam quadrilha que atuava na exploração de comércio ilegal de cigarros e tentou assassinar a tiros um policial civil foram presos na ação denominada “Um por todos”, no Rio de Janeiro, 17/12. Na avaliação de um policial que participou da investigação, “o ataque a tiros contra o agente da Polícia Civil mostrou semelhanças com o que resultou no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista dela Anderson Gomes, em 14 de março de 2018, pois o modus operandi foi o mesmo”.

Na ação de execução de 15 mandados de busca e apreensão, tendo 13 deles como alvos PMs, sendo um capitão e um tenente que não tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça, participaram agentes do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e agentes da Secretaria de Policia Civil, com o apoio da Corregedoria da Polícia Militar. As buscas se estenderam aos batalhões da PM aos quais os acusados são lotados: Batalhão de Vias Especiais, 7º BPM (São Gonçalo), 15º BPM (Duque de Caxias) e 35º BPM (Itaboraí).

A investigação que levou à prisão a quadrilha de PMs revelou que no dia14/4 o inspetor Bruno Rodrigo da Silva Rodrigues, integrante da 39ª DP (Pavuna) e que apurava crimes do bando, sofreu atentado com mais de 20 tiros ao chegar de carro em casa, na Vila Valqueire, bairro da Zona Oeste. Ele, mesmo ferido numa das pernas, conseguiu sair do automóvel pelo lado do carona e trocou tiros com os criminosos que fugiram.

Os denunciados da quadrilha pelo MPRJ e que tiveram as prisões preventivas decretadas são os cabos Sérgio Berbereia Basile e Mauro Simões de Castro e os sargentos Fagner Alves da Silva e Joamilton Tomaz Ribeiro (lotados no 7º Batalhão da Polícia Militar); o cabo Euclydes José do Prado Filho, o Dinho (lotado no BPVE) e Sérgio Leonardo dos Santos Antônio, o alcaguete da quadrilha. As impressões digitais do sargento Joamilton foram encontradas na porta do carro que a quadrilha usou no ataque ao inspetor Bruno Rodrigues. Ele era motorista de um dos veículos no qual estavam os atiradores.

Em grupo do WhatsApp, os bandidos determinam até escala de vigilância na porta da 39ª DP e monitoramento do trajeto feito pelo inspetor:

"Preciso que um de vocês vá até o campo amanhã para ver se o juíz (o Bruno) tá lá", diz uma das mensagens. "Campo" seria a delegacia onde o inspetor trabalhava e "juíz" seria o próprio inspetor. A troca de mensagens prossegue com um usuário identificado como "Cap Thiago", que parece comandar toda a ação: "Se for escala 24x72 deve estar na terça. Negativo quanto à escala. É expediente. Segundo foi levantado. Ele chega às 10h. A partir do momento que constatar que ele está lá. Não pode sair de lá. Para poder monitorar. Vai um só de vocês. para checar a presença dele. O outro vai cumprir outra missão".

O comando da Polícia Militar informou que armas dos PMs foram recolhidas, assim como celulares e outros pertences que possam fazer parte das investigações. Os PMs foram ouvidos na Cidade da Polícia, no bairro Maria da Graça. Outros oito mandados de busca e apreensão expedidos também contra PMs foram cumpridos.

Todos os denunciados foram incursos no artigo 121, §2º, I, IV e VII c/c art. 14, II, ambos do Código Penal (homicídio, qualificado por motivo torpe, por meio de emboscada e contra policial civil, que prevê pena de 12 a 30 anos de reclusão e, ainda, por crime de associação armada - art. 288-A e crime de adulteração de sinal identificador de veículo automotor - art. 311 do CP.

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