Vice-governador assume governo do Tocantins após STJ afastar Wanderley Barbosa
Governador é investigado por suposto desvio de recursos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia

Belo Horizonte - O vice-governador do Tocantins, Laurez Rocha Moreira (PSD), assumiu interinamente o comando do Poder Executivo estadual. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado nesta quarta-feira (3), horas após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinar o afastamento imediato do governador Wanderley Barbosa (Republicanos).
Barbosa é investigado por suspeita de participação em um esquema de desvio de recursos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia de covid-19, entre 2020 e 2021. A Polícia Federal (PF) aponta que parte dos recursos, inclusive oriundos de emendas parlamentares, pode ter sido desviada por meio de contratos emergenciais.
Segundo a PF, apenas nos contratos para a compra de cestas básicas e frango congelado, avaliados em R$ 97 milhões, o prejuízo pode chegar a R$ 73 milhões.
O ministro Mauro Campbell, relator do caso no STJ, determinou o afastamento de Barbosa e de sua esposa, Karynne Sotero Campos, ex-secretária estadual Extraordinária de Participações Sociais, por ao menos 180 dias. Ambos também estão proibidos de acessar prédios públicos estaduais, incluindo o Palácio do Araguaia e a Assembleia Legislativa. A Corte Especial do STJ confirmou por unanimidade as medidas.
Mudanças no primeiro escalão
Ao assumir o cargo, Laurez Moreira exonerou 51 ocupantes de cargos de alto escalão, incluindo a Procuradoria-Geral, comandos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, e direções de autarquias como Naturatins, Igeprev, ATI-TO e Ageto.
Em coletiva, Moreira afirmou que sua prioridade será resgatar a confiança da sociedade e dos investidores:
“A falta de transparência abre espaço para a corrupção. O que queremos é justamente o contrário, um governo aberto, em que todos tenham acesso às informações e possam acompanhar cada passo da administração”, disse o governador interino.
Defesa e acusações
Barbosa nega irregularidades e afirma que, no período investigado, ainda era vice-governador, sem responsabilidade direta sobre os contratos. Ele alega ter determinado auditorias nos contratos suspeitos e prometeu recorrer para reassumir o cargo.
“Acionarei os meios jurídicos necessários para reassumir o cargo de governador, comprovar a legalidade dos meus atos e enfrentar essa injustiça”, declarou Barbosa em nota.
Já o ministro Campbell sustentou que o esquema não apenas continuou como foi ampliado sob a gestão de Barbosa:
“Foram reunidos fartos indícios de que o amplo esquema de desvio de recursos públicos por meio do fornecimento de cestas básicas contou com a ciência e aquiescência do próprio senhor Wanderley Barbosa, que se valeu de empresários próximos e, sobretudo, de assessores especiais, para montar uma estrutura sistemática e bem organizada de desvio de recursos públicos do governo do Estado do Tocantins”, afirmou.
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