Café brasileiro pode ser redirecionado para outros países após tarifa dos EUA
Setor cafeeiro enfrenta incertezas com taxação de 50% sobre exportações a partir de 6 de agosto; Estados Unidos são o maior comprador do grão nacional

Brasília - A partir de 6 de agosto, as exportações brasileiras de café para os Estados Unidos passarão a ser taxadas em 50%, o que pode forçar produtores a redirecionarem parte da produção para outros mercados. O alerta é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em nota divulgada nesta semana.
A medida, determinada por Ordem Executiva assinada pelo presidente norte-americano Donald Trump ontem (30), gerou preocupação imediata no setor cafeeiro. Apesar de ter isentado cerca de 700 produtos brasileiros — como suco de laranja, fertilizantes, minérios e aeronaves civis —, a lista não inclui o café, principal item do agronegócio nacional destinado ao mercado norte-americano.
Segundo o Cepea, o impacto da taxação pode ser profundo, já que os Estados Unidos são o maior destino do café brasileiro, com 23% de participação nas exportações do setor em 2024, principalmente da variedade arábica, base de blends utilizados por torrefadoras e redes de cafeterias no país.
“A eventual entrada em vigor da tarifa tende a impactar não apenas a competitividade do café nacional, mas também os preços ao consumidor norte-americano e a formulação dos blends tradicionais, que utilizam os grãos brasileiros como base sensorial e de equilíbrio”, afirmou o Cepea em comunicado.
Redirecionamento e riscos logísticos
Com a taxação, produtores podem ter que buscar novos mercados em curto prazo, o que exigirá agilidade logística e estratégias comerciais para evitar prejuízos à cadeia produtiva. A Colômbia e o Vietnã, segundo e terceiro principais fornecedores de café aos EUA, representam 17% e 4% do total das importações norte-americanas, respectivamente.
Como os Estados Unidos não produzem café, o aumento do custo de importação também compromete toda a cadeia interna do país, que envolve desde torrefadoras e indústrias de bebidas até cafeterias e varejistas.
Negociações seguem
Após o anúncio da nova política tarifária, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) afirmou que continuará atuando junto ao governo brasileiro para que o café seja incluído na lista de exceções à taxação.
Ainda não há definição oficial sobre a possibilidade de reversão da medida antes de sua entrada em vigor.
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