Polícia

PM gera pânico em baile: nove morrem pisoteados

Numa ação desastrosa da PM, que provocou pânico generalizado em baile funk na favela de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, madrugada de domingo, 1/12, no qual frequentadores ficaram encurralados entre becos e vielas, nove pessoas morreram pisoteadas. Os PMs alegaram que perseguiam ocupantes de uma motocicleta que disparavam tiros contra eles e se infiltraram no baile. E, então, os PMs obstruíram a encruzilhada da Rua 17 (onde quatro ruas se encontram) e usaram “munição química” para dispersar a multidão.

Na versão dos PMs, assim como aconteceu no assassinato da menina Ágatha, de 8 anos, no Rio de Janeiro, desmentida, posteriormente, no decorrer das investigações, os militares dizem que perseguiam homens armados que atiravam contra eles. Porém, um dos moradores da favela e frequentador do baile contou que “essa foi uma das piores ações da PM, que armou uma emboscada e provocou pânico”, ficando as pessoas sem ter por onde escapar, “numa correria sem saída, misturada a gritos de desespero”.

Frequantadores do Baile da 17 ficaram encurralados pela PM e nove pessoas morreram pisoteadas. Reproução Internet
Frequantadores do Baile da 17 ficaram encurralados pela PM e nove pessoas morreram pisoteadas. (Reproução Internet)

Em nota, a União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis disse que o Baile da 17 sofre ações policiais frequentemente, mas, “nesta madrugada, jovens foram encurralados em becos e vielas e foram levados a caminho da morte, e quem deveria proteger está gerando mais violência”. Diz ainda o comunicado que “não foi acidente; não aceitaremos calados. Paraisópolis e as comunidades precisam de ações sociais para enfrentar suas dificuldades. Mais do que remediar, precisamos prevenir. Chega de violência, queremos paz”.

O site Ponte registrou que teve acesso a vídeos que mostram PMs no meio de uma das ruas da favela agredindo indiscriminadamente as pessoas que tentavam deixar o Baile da 17, sendo que não tem ataques contra os PMs. Alguns vídeos, disse o tenente coronel Emerson Massera, porta-voz da PM, foram anexados ao inquérito que apurará a veracidade dos fatos. Já o delegado da 89ª DP, Emiliano Neto, revelou que seis PMs foram ouvidos pela Polícia Civil e que “é preciso verificar se existe intencionalidade ou responsabilidade dos PMs nas nove mortes”.

Por meio de rede social, na Internet, o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), disse que “lamenta profundamente” as mortes e que determinou ao secretário de Segurança Pública, general Campos, a “apuração rigorosa dos fatos para esclarecer quais foram as circunstâncias e responsabilidades deste triste episódio”.

Moradores sairam às ruas protestando contra a PM logo depois das nove mortes no baile funk. Foto Internet
Moradores sairam às ruas protestando contra a PM logo depois das nove mortes no baile funk. (Foto Internet)

Na relação dos mortos divulgada pela direção do Corpo de Bombeiros estão Denys Henrique Quirino da Silva, de 16 anos; Gustavo Cruz Xavier, de 14 anos; Luara Victória de Oliveira, de 18 anos; Marcos Paulo Oliveira dos Santos, de 16 anos; Eduardo Silva, de 21 anos; Bruno Gabriel dos Santos, de 22 anos; Gabriel Rogério de Moraes, de 20 anos; Mateus dos Santos Costa, de 23 anos; e um homem aparentando 28 anos, até então não identificado. Várias pessoas ficaram feridas e foram atendidas em hospitais da região. O sepultamento deve resultar em manifestações dos moradores de Paraisópolis contra a ação brutal dos PMs.

Paraisópolis é considerada a 2ª maior favela de São Paulo e a 5ª do Brasil, situada numa área de 10 quilômetros quadrados e tendo uma população de 100 mil habitantes (bem próximo da população de Itabira do Mato Dentro, em Minas Gerais, por exemplo), dos quais 12.000 são analfabetos ou semianalfabetos. Mais de 30% da população tem idade de 15 a 29 anos e 42% das famílias têm mulheres como responsáveis.

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