Coluna

Impeachment

O cidadão tem se revelado mais exigente e interessado nas questões políticas, cobrado mais de seus representantes e exigido postura ética. A justiça também mudou e o que parecia impossível está acontecendo. Há pouco tempo era utopia pensar que empresários e políticos poderiam ser presos por corrupção. Hoje poderosos estão atrás das grades.

Há vários prefeitos cassados, pois os vereadores não querem assumir culpa que não é deles, nem chamar para si a responsabilidade. Comprar briga com o eleitor, nem pensar. Este ano vimos vários prefeitos perdendo o mandato por questões que antes eram corriqueiras, práticas habituais, mas a cultura política mudou, o que aliás está fazendo muito bem ao nosso país. Ninguém mais coloca a corda em seu pescoço para livrar o outro. Ou pune, ou é punido.

Dr. Damon é o primeiro prefeito na história política de Itabira a enfrentar na câmara um processo de impeachment, prova da mudança na cultura política do eleitor e, consequentemente, de seus representantes.

Inicialmente o processo é apenas para investigar as denúncias, mas existem indícios de irregularidades no governo Damon que podem culminar na sua cassação. Contratar empresa sem licitação, tratar a administração pública com relaxamento, desrespeitar a câmara municipal deixando de atender requerimentos de vereadores, são práticas cotidianas neste governo e os atropelos não param por aí. Damon aposta na impunidade e delega poderes a pessoas que o povo não confia. Damon já iniciou a administração indicando pessoas para cargos sem nenhum preparo, o que já apontava para uma administração mais paternalista que pública.

Então, já nos primeiros meses de governo, quando Damon começava a se desvirtuar de sua proposta, em uma conversa no seu gabinete o alertei e agora estou relembrando. Disse para o senhor prefeito que para administrar a cidade teria que ser vigilante 24hrs por dia, que o poder era intransferível e não podia ser delegado a pessoas despreparadas, indignas. O lembrei que o eleitor tinha votado com equilibro, elegendo 10 vereadores para a oposição, que queria um governo mais fiscalizado.

Disse também que o senhor sofreria um processo de impeachment no segundo semestre de 2015 e lembro bem que o senhor ficou assustado. De pé na minha frente disse: “Geraldinho, eles vão fazer comigo igual fizeram com Collor, não é?”, e eu respondi: “Não, acredito que com o senhor será diferente”. Eu acreditava que o senhor não seria impedido porque certamente não cometeria nenhum crime contra a administração que pudesse sustentar uma cassação. E o senhor garantiu que não cometeria. Então Damon, o que eu disse está acontecendo, e agora?

Nesse momento pode estar pensando porquê eu já previa o impeachment ainda nos primeiros meses de governo. A verdade é que já percebia no senhor um desvio de conduta e tentava te alertar, mas o senhor, envaidecido, deixou se levar e acreditou em quem não tinha compromisso com o projeto.

Saiba o senhor que o cidadão está atento ao comportamento da câmara e vai cobrar dos vereadores uma postura firme. Apurar as denúncias é obrigação e é bom lembrar que muitos vereadores estão em seu primeiro mandato. Para esses, votar pelo arquivamento pode ser o fim de uma brilhante carreira política que está apenas começando. Toda denúncia precisa ser apurada e os culpados responsabilizados.

Entregar a articulação política do governo a um indivíduo que se julga estar acima de tudo e de todos foi opção sua prefeito.

O isolamento político é o fim certo de todos os que não respeitam a opinião pública e que esquecem que todo poder emana do povo e ao povo pertence.

Agora é com o senhor e o Dr. Marmita.

Geraldo Ribeiro (MG)

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