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MPRJ pede prisão preventiva de líderes do Comando Vermelho por manobras para atrasar julgamento de homicídio

Entre os alvos estão Marcinho VP, My Thor e Claudinho da Mineira, acusados de obstruir a Justiça há mais de duas décadas

Foto: Fernando Frazão | ABR. 

Rio de Janeiro – O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) solicitou à Justiça a prisão preventiva de três das principais lideranças do Comando Vermelho: Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, Marco Antônio Pereira Firmino da Silva, conhecido como My Thor, e Cláudio José de Souza Fontarigo, o Claudinho da Mineira. O pedido foi apresentado ao Juízo da 1ª Vara Criminal da Comarca da Capital, sob a acusação de que os réus vêm adotando medidas para atrasar um processo por homicídio que tramita há quase 23 anos.

Embora já cumpram pena por outros crimes, o MPRJ argumenta que, neste caso específico, o processo se arrasta devido a manobras protelatórias recorrentes, o que impede a realização do julgamento pelo Tribunal do Júri. Entre as práticas identificadas estão a renúncia repentina de advogados às vésperas de audiências e a entrega de grandes volumes de documentos nos momentos finais de prazos processuais — estratégia conhecida como document dumping.

De acordo com o órgão, as ações têm como objetivo obstruir a Justiça e adiar o julgamento, garantindo a liberdade de Marcinho VP, que completa 30 anos de prisão em 2026, o limite máximo previsto na legislação vigente à época de sua condenação.

“Embora atualmente custodiados em razão de outros processos criminais, é certo que eventual revogação ou término dessas prisões resultaria na imediata colocação dos réus em liberdade, o que representaria risco concreto à sociedade”, afirma o documento do MPRJ.

Influência dentro e fora das prisões

Marcinho VP, um dos fundadores e principais articuladores do Comando Vermelho, está preso há 29 anos e, segundo as investigações, ainda exerce influência direta sobre a facção mesmo de dentro do sistema prisional. Ele repassa ordens por meio de familiares e advogados.

My Thor, por sua vez, tem várias condenações e histórico de fuga. Sua pena atual é de 22 anos e seis meses de reclusão, com passagens por diferentes presídios federais ao longo de 14 anos. Ele cumpre pena no Complexo de Gericinó, na zona oeste do Rio, mas a Justiça já autorizou sua transferência para um presídio federal, após a Operação Contenção, que desarticulou grupos criminosos nos complexos da Penha e do Alemão.

Claudinho da Mineira, preso há quase duas décadas, chegou a fugir de uma penitenciária em Rondônia, em 2013, durante uma visita temporária à família. Depois de um período foragido, foi recapturado e permaneceu em uma unidade federal de segurança máxima até abril deste ano, quando foi beneficiado com a progressão de regime e transferido também para o Complexo de Gericinó.

O MPRJ sustenta que, mesmo encarcerados, os três continuam a comandar atividades criminosas, razão pela qual a prisão preventiva é necessária para garantir a ordem pública e evitar novas tentativas de manipular o andamento do processo.

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