Vaticano proíbe título de “corredentora” para Maria e reafirma que só Jesus salvou o mundo
Novo decreto doutrinário encerra décadas de debate interno e reforça papel de Maria como mãe e intercessora, não como salvadora
Belo Horizonte – O Vaticano determinou que a Virgem Maria não deve ser chamada de “corredentora” da humanidade. Em um novo decreto aprovado pelo papa Leão XIV, o Dicastério para a Doutrina da Fé orientou os fiéis católicos a evitarem o uso do título, argumentando que a expressão “pode causar confusão e desequilíbrio” na compreensão da fé cristã.
Segundo o documento, apenas Jesus Cristo é o redentor do mundo, e qualquer formulação que atribua a Maria um papel igual ou semelhante na salvação “não é apropriada”. O texto reafirma, no entanto, a importância de Maria como “Mãe do povo fiel” e intermediária entre Deus e os homens, destacando que, ao aceitar dar à luz Jesus, “abriu as portas da Redenção que toda a humanidade aguardava”.
A decisão põe fim a uma discussão teológica que se arrastava há décadas dentro da Igreja Católica e dividia até papas recentes. João Paulo II chegou a empregar o termo “corredentora” em discursos públicos, mas deixou de utilizá-lo a partir da segunda metade dos anos 1990, quando o antigo Escritório para a Doutrina da Fé começou a se posicionar contra a expressão.
Seus sucessores, Bento XVI e Francisco, também rejeitaram o título. Em 2019, o então papa Francisco chegou a classificar a ideia como “loucura”, afirmando que Maria “nunca quis tirar nada do Filho para si”.
O novo decreto, aprovado pelo sucessor Leão XIV, formaliza a posição oficial do Vaticano e determina que os 1,4 bilhão de católicos em todo o mundo mantenham o foco na centralidade de Cristo como único redentor.
“Não seria apropriado usar o título ‘corredentora’. Esse termo pode criar confusão e desequilíbrio na harmonia das verdades da fé cristã”, diz o texto.
De acordo com o Vaticano, a orientação não diminui o papel de Maria, mas o reafirma em sua dimensão correta: o de mãe, serva e intercessora da humanidade, cuja resposta de fé — “Que assim seja” — permanece exemplo de obediência e confiança em Deus.
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