Moraes determina preservação rigorosa de provas da Operação Contenção no Rio
Decisão do ministro do STF atende a pedido da Defensoria Pública da União e inclui perícias e cadeias de custódia
Brasília – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou neste domingo (2) a preservação “rigorosa e integral” de todos os elementos materiais relacionados à Operação Contenção, que deixou 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro. A ação, realizada na última terça-feira (28), foi a mais letal da história do estado.
A decisão, publicada no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 635, conhecida como ADPF das Favelas, atende a um pedido da Defensoria Pública da União (DPU) e determina que sejam assegurados o controle e a averiguação dos elementos materiais pelo Ministério Público, com acesso facultado também à DPU no Rio de Janeiro.
Moraes reforçou que a medida está alinhada ao que foi decidido pelo Plenário do STF no julgamento do mérito da ADPF 635, que obriga o estado a preservar vestígios de crimes e garantir a independência técnica das perícias em casos de mortes durante ações policiais.
Contexto e novas medidas
A ADPF das Favelas foi proposta em 2019 pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), com o objetivo de reduzir a letalidade policial e controlar a atuação das forças de segurança em comunidades do Rio. Em abril de 2024, o STF estabeleceu novas diretrizes para monitorar operações da Polícia Militar.
Desde então, órgãos como a DPU e o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) acompanham o cumprimento da decisão. A recente Operação Contenção reacendeu o debate após o governador Cláudio Castro criticar novamente a ação do Supremo e se referir à ADPF como “maldita”.
Reuniões e audiência pública
Moraes marcou para esta segunda-feira (3) uma reunião com o governador do Rio e outras autoridades, na qual Castro deverá apresentar 18 esclarecimentos sobre a operação.
Além disso, o ministro designou audiência pública para a próxima quarta-feira (5), às 10h, na sala da Primeira Turma do STF, com a participação de diversas entidades e organizações de direitos humanos, entre elas:
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Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH)
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Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj
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Instituto Anjos da Liberdade
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Conectas Direitos Humanos
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Redes da Maré
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Educafro
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Justiça Global
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Movimento Negro Unificado (MNU)
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CEJIL
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Laboratório de Direitos Humanos da UFRJ, entre outros.
Em outro trecho da decisão, Moraes negou pedidos de entidades para participar como amicus curiae e indeferiu solicitações para inclusão em audiências futuras, agendadas para 3 de novembro de 2025.
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