Rio de Janeiro – Tem aumentado tanto o número de deputados que, claramente alcoolizados, atropelam e matam pessoas nas estradas brasileiras que o parlamento está procurando encontrar uma solução rápida para o problema.
Muitas sugestões já foram propostas, desde a adaptação do piloto automático nos automóveis dos deputados até a cassação da carteira de habilitação. Depois de diversas reuniões no plenário da Câmara dos Deputados, um deputado do baixo clero (esses que passam o dia dormindo nas sessões), teve uma ideia genial: colar um adesivo com o aviso “deputado a bordo”, nos carros dos parlamentares.
Os deputados João Pizzolatti, Gilberto Ribeiro, Carli Filho, Marcel Van Hatten e Gustavo Gayer seriam contra, por motivos óbvios.
O adesivo amarelo é inspirado nas placas que se veem nas estradas da Austrália e dos Estados Unidos, indicando que o local é uma travessia de canguru que, por sua vez, inspirou os delicados adesivos “bebê a bordo”, que se espalhou como uma epidemia pelo mundo.

Fico imaginando o que deve ter pensado, entre um cochilo e outro, o nobre deputado, ao sugerir a ideia de colar o adesivo “deputado a bordo” nas viaturas dos parlamentares? Já que a Câmara dos Deputados não consegue prender ou cassar o mandato dos deputados infratores, vamos ao menos alertar os pedestres que, no volante daquela viatura está um potencial atropelador?
E o que deve pensar o parlamentar que enche a cara antes de dirigir e cola “deputado a bordo” no seu carro? Vamos tornar as estradas mais seguras? Agora os pedestres não poderão alegar que não foram avisados? Isso certamente vai comover os outros motoristas e mantê-los longe de nós?
O nobre deputado, autor da ideia, deve ter achado que o psicótico alcoolizado ia se controlar, sendo alertado pelo adesivo, que pode pôr em risco de vida uma criança ou uma velhinha desavisada. O primeiro motorista a ter visto o adesivo na traseira do carro do deputado deve ter se precavido no momento de ultrapassar.
O mais espantoso dessa resolução — coisa que os deputados repudiam — é que a maioria na Câmara é contra a medida. Outro problema é que, se a medida for adotada, até os deputados abstêmios terão que usar o adesivo e será impossível à população separar os que não bebem dos beberrões.
A verdadeira objeção contra os adesivos nos automóveis, pelo que pude descobrir, não é nem a opinião dos pedestres, nem a cobrança dos eleitores, mas o fato de que se o carro for visto num estacionamento de um supermercado ou de um restaurante o deputado possa ser classificado de cachaceiro como a Michelle já classificou o presidente Lula.
Tomara que a lei dos adesivos nos carros dos parlamentares pegue, porque, assim como as pessoas são avisadas com o adesivo “bebê a bordo” e tomam mais cuidado ao ultrapassá-los, as pessoas sairão da frente quando avistarem pelo retrovisor um carro com o adesivo “deputado a bordo”. Muitas vidas, certamente, serão poupadas.
A população já está se acostumando com o adesivo.
Outro dia, ao avistar um carro com o adesivo “deputado a bordo” no estacionamento de um condomínio de luxo em Brasília, a primeira reação de um morador foi a de exclamar:
- Droga! Acabou-se a boa vizinhança!
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