Macron diz que Rússia é agressora e defende papel do Brasil em solução para guerra na Ucrânia
Durante coletiva ao lado de Lula, presidente francês rejeita equivalência entre Moscou e Kiev e elogia protagonismo diplomático do Brasil

Brasília - O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou nesta quinta-feira (5) que Rússia e Ucrânia não devem ser tratadas em pé de igualdade na busca por uma solução para o conflito iniciado em fevereiro de 2022. A declaração foi feita durante entrevista coletiva ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está em visita de Estado à França.
“Há um agressor, a Rússia, e um agredido, a Ucrânia. Todos queremos a paz. Mas os dois não podem ser tratados em pé de igualdade”, disse Macron.
O francês também afirmou que o presidente russo, Vladimir Putin, rejeitou proposta de cessar-fogo apresentada pelos Estados Unidos em março deste ano, enquanto a Ucrânia, liderada por Volodymyr Zelensky, aceitou as condições do plano.
“A proposta dos Estados Unidos de cessar fogo foi aceita pelo presidente Zelensky em março, mas continua a ser recusada pelo presidente Putin. Ele iniciou a guerra e não quer um cessar-fogo”, reforçou.
Lula voltou a defender uma reforma no Conselho de Segurança da ONU, que, segundo ele, está politicamente enfraquecido e sem poder efetivo para intervir em guerras como a da Ucrânia. Reafirmou ainda a posição do Brasil contra a ocupação territorial russa e contra a guerra em si.
“O Brasil, desde o começo dessa guerra, se posicionou contra a ocupação territorial que a Rússia fez na Ucrânia. Ao mesmo tempo, o Brasil se posicionou contra a guerra. O Brasil, junto com a China, construiu um documento e uma proposta de 13 países emergentes para discutir entre um grupo de amigos e tentar encontrar uma solução.”
“Quando os dois quiserem negociar paz, estaremos dispostos a dar a nossa contribuição. Mas são os dois que têm que decidir. Lamentavelmente, a ONU está enfraquecida politicamente e tem pouco poder de dar opinião sobre a guerra. Não apenas essa, mas qualquer outra guerra que aconteça no mundo”, concluiu o presidente.
Lula pede apoio da França para acordo entre União Europeia e Mercosul
Além da guerra, os presidentes discutiram temas de integração econômica. Lula aproveitou o encontro para cobrar o apoio direto de Macron à conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, parado desde 2019 por entraves políticos e ambientais.
“Quero lhe comunicar que não deixarei a presidência do Mercosul sem concluir o acordo com a União Europeia”, declarou Lula, ao se dirigir diretamente ao presidente francês.
“Portanto, meu caro, abra o seu coração para a possibilidade de fazer esse acordo com o nosso querido Mercosul. Essa é a melhor resposta que nossas regiões podem dar diante do cenário de incertezas criado pelo retorno do unilateralismo e do protecionismo tarifário.”
Lula assume a presidência rotativa do bloco sul-americano no segundo semestre de 2025, com mandato de seis meses. A negociação entre os dois blocos é vista como estratégica diante da crescente adoção de políticas protecionistas por países desenvolvidos, como os Estados Unidos, que recentemente dobraram tarifas sobre o aço.
Os líderes também discutiram cooperação estratégica em defesa, transição energética e parcerias econômicas. O Brasil e a França mantêm acordo de longo prazo na área militar, incluindo a produção conjunta de submarinos.
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