Economia

Mercado projeta última alta da Selic em 2025: juros devem chegar a 14,75% ao ano

Comitê de Política Monetária se reúne nesta semana e deve encerrar ciclo de elevações, aponta Boletim Focus

Tânia Rêgo / ABR - 

BRASÍLIA — O mercado financeiro prevê que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) fará, nesta semana, a última elevação da taxa básica de juros (Selic) em 2025. A expectativa é que a Selic suba 0,5 ponto percentual, atingindo 14,75% ao ano. A reunião do Copom ocorre nesta terça-feira (6) e quarta-feira (7), em Brasília.

A estimativa consta no Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (5) pelo BC, e reflete a opinião de mais de cem instituições financeiras consultadas semanalmente. Na última reunião, em março, o colegiado havia elevado a Selic de 13,25% para 14,25% ao ano, a quinta alta consecutiva no atual ciclo.

A taxa Selic é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação. Com os juros em alta, o objetivo é reduzir a demanda aquecida na economia, encarecendo o crédito e desestimulando o consumo, o que ajuda a conter a elevação dos preços. No entanto, juros elevados também freiam o crescimento da economia ao restringir investimentos e consumo.

Política monetária contracionista

O atual ciclo de alta da Selic teve início em setembro do ano passado, quando a taxa estava em 10,5% ao ano. Desde então, foram promovidas sucessivas elevações: uma de 0,25 ponto, uma de 0,5 e três de 1 ponto percentual, consolidando um movimento de aperto monetário. Com a nova alta esperada nesta semana, o mercado projeta o encerramento desse ciclo.

Apesar disso, o Copom ainda não deu sinais claros sobre os próximos passos da política monetária. Em comunicado após a última reunião, o comitê sinalizou que poderia promover novas altas, mas em "menor magnitude", dependendo da evolução da economia e da inflação.

Inflação segue pressionada

Segundo o Boletim Focus, a expectativa de inflação medida pelo IPCA em 2025 permanece em 5,53%, acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo (limite superior de 4,5%).

Em março, o IPCA ficou em 0,56%, pressionado principalmente pelo aumento nos preços dos alimentos, de acordo com o IBGE. No acumulado de 12 meses, a inflação está em 5,48%, ainda acima da meta.

Para os anos seguintes, o mercado projeta queda gradual da inflação: 4,51% em 2026, 4% em 2027 e 3,8% em 2028.

PIB e câmbio

Em relação ao desempenho da economia, o mercado manteve a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2% para 2025. A estimativa para 2026 é de 1,7%, com recuperação prevista para os anos seguintes — 2% em 2027 e 2028.

Em 2024, o PIB brasileiro cresceu 3,4%, no quarto ano consecutivo de avanço. Foi o maior resultado desde 2021, quando a economia avançou 4,8%.

No câmbio, o dólar deve encerrar 2025 cotado a R$ 5,86, com projeção de alta para R$ 5,91 em 2026, segundo o Boletim Focus.

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