Brasil

Médicos cubanos no Brasil reagem a sanções dos EUA e defendem Mais Médicos

Associação repudia decisão do governo norte-americano e ressalta impacto social do programa

medicos cubanos
José Cruz/ABR - 

Brasília - A Associação dos Médicos Cubanos no Brasil (Aspromed) divulgou nota de repúdio nesta sexta-feira (15) contra as sanções impostas pelos Estados Unidos a gestores públicos brasileiros ligados ao programa Mais Médicos. A entidade classificou a iniciativa como uma política essencial para ampliar o acesso à saúde e reafirmou apoio à cooperação entre Cuba e Brasil.

Nesta semana, o Departamento de Estado norte-americano cancelou os vistos de Mozart Julio Tabosa Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, e de Alberto Kleiman, ex-assessor da pasta e atual coordenador-geral da COP30. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e familiares também foram atingidos pela decisão.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, justificou a medida afirmando que os gestores teriam colaborado com um "esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano" por meio do Mais Médicos.

Nota de repúdio

Na resposta, a Aspromed ressaltou que o programa garantiu atendimento médico em regiões historicamente desassistidas.
“O Mais Médicos é uma política pública voltada para assegurar o direito à saúde, especialmente para a população de baixa renda que vive em regiões menos privilegiadas por todo o país”, destacou a nota.

A associação também contestou a tese de trabalho forçado. Segundo a diretoria, os profissionais cubanos que permaneceram no Brasil o fizeram por decisão pessoal.
“Muitos já naturalizados, com famílias brasileiras e laços afetivos profundos com o país, continuarão atuando com dedicação junto às comunidades mais carentes, levando atendimento e cuidado a pessoas que vivem em condições adversas, nos rincões mais distantes do território nacional”, afirmou a entidade.

Histórico do programa

Criado em 2013, durante o governo Dilma Rousseff, o Mais Médicos contou com cerca de dezoito mil profissionais cubanos, que realizaram aproximadamente 63 milhões de atendimentos, segundo dados da Aspromed. O convênio foi encerrado em 2018, mas cerca de 2,5 mil médicos optaram por permanecer no Brasil.

O programa priorizou pequenas cidades e distritos indígenas, mas também teve forte presença nas periferias de grandes centros urbanos, onde a carência de médicos era evidente. Hoje, a política foi retomada pelo governo federal, com prioridade para profissionais brasileiros.

De acordo com o Ministério da Saúde de Cuba, desde a década de 1960, mais de 605 mil médicos cubanos atuaram em 165 países.

Comentários