Governo anuncia R$ 30 bilhões em crédito para setores atingidos por tarifa dos EUA
Plano emergencial prevê apoio a pequenas empresas e alimentos perecíveis; Haddad critica sanção como “injustificável”

Brasília - O governo federal anunciou nesta quarta-feira (13) um pacote de medidas para socorrer setores produtivos impactados pela tarifa de cinquenta por cento aplicada pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. O plano, batizado de MP Brasil Soberano, prevê R$ 30 bilhões em crédito e será viabilizado por medida provisória.
Durante o lançamento no Palácio do Planalto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil está sendo penalizado “por ser mais democrático que o agressor”.
“Estamos numa situação muito inusitada. O Brasil é um país que está sendo sancionado por ser mais democrático que o seu agressor. É uma situação inédita no mundo. Um país que não persegue adversários, a imprensa, escritórios de advocacia, universidades ou imigrantes legais e ilegais está sujeito a uma retaliação injustificável do ponto de vista político e econômico”, disse Haddad.
O ministro acrescentou que o governo “vai enfrentar e superar mais essa dificuldade imposta de fora para dentro, infelizmente com apoio de alguns setores radicalizados da sociedade brasileira”.
Foco em pequenas empresas
Segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a prioridade do pacote será para pequenas companhias e produtores de alimentos perecíveis.
“A gente está pensando em ajudar as pequenas empresas, que exportam espinafre, frutas, mel e outras coisas. As grandes empresas têm mais poder de resistência. Acho que vai ser importante mostrar que ninguém ficará desamparado pela taxação do presidente Trump”, afirmou Lula na terça-feira (12), em entrevista ao jornalista Reinado Azevedo (Band News).
Além de preservar empregos, o governo pretende abrir novos mercados para compensar as perdas.
“Vamos cuidar dos trabalhadores dessas empresas e procurar outros mercados. Estamos enviando a outros países a lista das empresas que vendiam para os Estados Unidos porque temos um lema: ninguém larga a mão de ninguém”, disse o presidente.
Os recursos virão por meio de crédito extraordinário ao Orçamento, mecanismo usado em situações de emergência e que não entra no limite de gastos do arcabouço fiscal. Esse modelo foi aplicado no ano passado para atender vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.
Lula reforçou que “R$ 30 bilhões é só o começo” e que o governo seguirá buscando alternativas via Organização Mundial do Comércio (OMC) e diversificação de mercados, com atenção especial à China.
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