Brasil

Lula critica postura de Trump e diz que Brasil está pronto para negociar tarifas

Presidente afirma que EUA se recusam ao diálogo e ironiza postura de presidente americano

Ricardo Stuckert/PR - 

Belo Horizonte - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar, nesta quinta-feira (24), a falta de disposição do governo dos Estados Unidos para negociar a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Segundo Lula, o Brasil está pronto para o diálogo, mas a iniciativa não tem sido correspondida pela Casa Branca sob a gestão do presidente Donald Trump.

“Ele não quer conversar. Se ele quisesse, pegava o telefone e me ligava”, afirmou o presidente durante o I Encontro Regional de Educação Escolar Quilombola do Sudeste, realizado em Minas Novas (MG), no Vale do Jequitinhonha.

Lula lembrou que já manteve diálogo com diversos líderes internacionais, como Bill Clinton, Barack Obama, George W. Bush, Joe Biden, Xi Jinping e representantes do Canadá, México, Índia, Paraguai, Bolívia, Malásia e Indonésia. “Com todo mundo eu converso. Mas ele [Trump] não quis conversar”, declarou.

Em tom irônico, o presidente brasileiro comparou a postura de Trump a uma estratégia de blefe. “Eu não sou mineiro, mas eu sou bom de truco. Se ele estiver trucando, vai tomar um seis. O Brasil está acostumado a negociar”, disse Lula, ao relatar que, até maio, haviam sido realizadas dez reuniões com autoridades norte-americanas. “Dia 16 de maio mandamos uma carta pedindo explicações das propostas que já tínhamos feito. Não responderam. O que responderam foi o site”, completou.

O presidente reforçou que o Brasil poderá adotar a Lei da Reciprocidade caso as tarifas sejam mantidas, medida que prevê sanções equivalentes contra países que impuserem barreiras comerciais ao país.

Lula também criticou declarações recentes de Trump, que acusou a Justiça brasileira de promover uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado. Segundo Lula, a fala representa interferência em assuntos internos do Brasil.

Flavio Bolsonaro ironiza

A tensão nas negociações ganhou novo capítulo com declarações do senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ), que ironizou as acusações de que o deputado federal Eduardo Bolsonaro teria influenciado a decisão dos EUA de taxar produtos brasileiros.

“Agora acham que ele [Eduardo] é o responsável pela tarifa? Ele é um insignificante fritador de hambúrguer”, disse o senador, acrescentando: “Se quiser, posso passar o telefone dele. Quem sabe resolve.”

Flavio ainda sugeriu que a saída para o impasse seria “anistiar Jair Bolsonaro” e liberá-lo para disputar as eleições. “O Brasil sabe o que precisa ser feito para acabar com a taxa. É liberar Jair Bolsonaro para as urnas. Esse governo fraco não tem canal com a Casa Branca, mas tem com o Moraes. É só falar com o Moraes e resolver tudo”, provocou.

A fala faz referência ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator de processos contra Bolsonaro, e reafirma a interferência da família Bolsonaro junto ao governo americano para a taxação do Brasil.

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