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Eduardo Bolsonaro diz que não vai renunciar e tenta manter mandato por mais três meses

Deputado está nos EUA desde março e pode ser cassado por faltas; ele é investigado no STF por suposta trama golpista

Foto: Lula Marques/ABR - 

BRASÍLIA – O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou neste domingo (20) que não pretende renunciar ao mandato, mesmo após completar 120 dias de licença não justificada da Câmara dos Deputados. O prazo estabelecido pelo Regimento Interno da Casa terminou neste domingo, e a ausência pode resultar na abertura de processo de cassação por faltas.

Durante uma live nas redes sociais, Eduardo declarou: “Eu não vou fazer nenhum tipo de renúncia. Se eu quiser, eu consigo levar meu mandato, pelo menos, até os próximos três meses”.

O parlamentar está nos Estados Unidos desde março, quando pediu licença sob a alegação de "perseguição política". No entanto, a licença expirou e ele ainda não retornou ao país. Mesmo com o risco de perder o mandato, o deputado tem mantido uma postura de enfrentamento ao Supremo Tribunal Federal (STF) e, principalmente, ao ministro Alexandre de Moraes.

Na mesma live, Eduardo Bolsonaro fez ataques diretos à Polícia Federal e ameaçou o delegado Fábio Alvarez Shor, responsável por investigações que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Cachorrinho da Polícia Federal que tá me assistindo, deixa eu saber quem é você… Se eu ficar sabendo quem é você… ah, eu vou me mexer aqui. Pergunta ao tal delegado Fábio Alvarez Shor se ele conhece a gente”, afirmou.

O deputado já havia se referido ao delegado com o mesmo termo depreciativo (“cachorrinho”) em agosto de 2024, durante discurso na tribuna da Câmara.

A resposta veio ainda no domingo. O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, classificou as declarações como uma “covarde tentativa de intimidação” contra servidores da PF. Ele determinou que os vídeos da transmissão sejam anexados ao inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) e anunciou que as falas podem configurar crimes como coação no curso do processo, obstrução de Justiça e atentado ao Estado Democrático de Direito.

“Nenhum investigado intimidará a Polícia Federal”, afirmou o diretor.

Investigação e ataques ao STF

Eduardo é investigado no Supremo Tribunal Federal por atuar junto ao governo dos Estados Unidos em tentativas de retaliação contra autoridades brasileiras. A Procuradoria-Geral da República aponta que ele buscou interferir no andamento da ação penal que trata da tentativa de golpe de Estado em (8 de janeiro de 2023), na qual o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu pai, é réu.

Na última semana, Moraes afirmou que Eduardo "intensificou as condutas ilícitas" e determinou a inclusão de entrevistas e postagens recentes do deputado nas redes sociais na investigação em curso.

O deputado também voltou a defender publicamente a anistia para Bolsonaro e disse estar disposto a "ir às últimas consequências".

Bolsonaro monitorado

Na sexta-feira (18), a Polícia Federal realizou operação contra Jair Bolsonaro no mesmo inquérito. O ex-presidente foi obrigado a usar tornozeleira eletrônica e está proibido de sair de casa entre 19h e 6h. A decisão foi tomada por Moraes após a PGR afirmar haver risco de fuga. O julgamento de Bolsonaro no STF sobre a tentativa de golpe está previsto para setembro.

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