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DALCIO MACHADO, O NERUDA DO TRAÇO

Rio de Janeiro - Os cartuns de Dalcio, o ‘Neruda do traço’ - são verdadeiros poemas. São obras de arte. Brilhantes, engraçados, tocantes e emotivos. Suas obras são marcadas por um tom amoroso, melancólico e sensível, associadas à temática crítica e um enorme talento no traço, que dizem tudo o que há para dizer – às vezes, sem usar uma única palavra. 

O primeiro cartum de Dalcio pelo qual me apaixonei foi um sobre o dia dos pais. O desenho mostrava um garoto muito pobre que pega uma caixa enorme e vazia para entregar seu presente no Dia dos Pais. Ele sobe nela e dá um caloroso abraço no pai. 

O cartum do menino pobre que queria presentear o pai deve ser seu trabalho mais conhecido. Foi publicado em vários veículos e  traduzido em vários idiomas. 

Dalcio Machado é cartunista, quadinista, chargista, caricaturista, autor e ilustrador de livros infantis. Nasceu no dia 10 de fevereiro de 1972, em Campinas, São Paulo. Começou a desenhar ainda criança, na escola Estadual Barão Geraldo de Rezende, em Barão Geraldo, Campinas. Com 12 anos já estava participando do seu primeiro concurso nacional, promovido pelo jornal Folha de São Paulo. 

Dalcio Machado, o ‘Neruda do traço’ - epíteto colado ao cartunista pelo jornalista Ediel Ribeiro - desenha seus cartuns como quem escreve poesias.

Recebeu seu primeiro pagamento por uma charge publicada aos 13, em um boletim da Pastoral Operária de Campinas. Começou a trabalhar como cartunista profissional aos 13 anos de idade,  aos 14 anos, participou pela primeira vez do ‘Salão Internacional de Humor de Piracicaba’. Aos 17, foi contratado pelo jornal ‘Correio Popular’ de Campinas. 

A primeira premiação veio aos 17, um 2º lugar em charge em um festival nacional no Rio, promovido pela UFRJ. Ganhou diversas vezes o ‘Salão Internacional de Humor de Piracicaba’. Criou vinhetas (plim-plim) durante cinco anos para a ‘TV Globo’’. Publicou nos dois principais jornais de Campinas e nos dois maiores jornais de São Paulo: ‘Folha de São Paulo’ e ‘O Estado de S. Paulo’. 

Nos anos 90, começou a trabalhar para as revistas ‘Playboy’ (onde publicou seus trabalhos durante 13 anos) e ‘Veja’ da Editora Abril. Na editora, bolou diversas capas para a revista, criada em 1968 pelo jornalista Roberto Civita. Por uma delas, recebeu o ‘Prêmio Abril de Jornalismo’. 

É um dos cartunistas mais premiados do mundo, com 116 prêmios em 13 países. Recebeu o Golden Hat, o 1º lugar no 55th International Cartoonfestival Knokke –Heist/ Belgium; prêmios na ONU ‘Lurie UN Award’; em três ocasiões, no ‘World Press Cartoon/ Portugal’;  e foi premiado em cinco edições no HQMIX, o ‘Oscar’ dos quadrinhos brasileiros. Dalcio Machado também venceu o 1º Prêmio Especial de Caricatura Ernest Hemingway.  Em Ottawa, no Canadá, ganhou um "Award of Excellence" no 11th International Editorial Cartoon Competition, promovido pelo Canadian Committee for World Press Freedom/ Unesco.  E com a caricatura do Abílio Diniz, fez parte da equipe que faturou o Prêmio Abril de Jornalismo, na categoria "Matéria Completa", publicada na revista Você S/A.

Quando Ziraldo fez 80 anos (2012) ganhou uma belíssima homenagem do 'Salão Iternacional de Humor Caratinga', em uma exposição com mais de uma centena de caricaturas, de grandes artistas do Brasil, Argentina, Uruguai, Espanha, Peru e Portugal. Entre os 10 trabalhos finalistas, o próprio Ziraldo escolheu a caricatura de Dalcio como a melhor. 

O autor publicou dois livros infantis, "Flubete" e "Não brinque com a comida!", ambos pela Companhia das Letras.

O artista também fez incursões pela música. Seu pai, Hélio Machado, era compositor de música sertaneja e o menino cresceu com a casa cheia de violeiros e sanfoneiros, o que acabou o influenciando. 

Compositor bissexto, mesmo sem saber tocar nenhum instrumento, já compôs sambas, músicas sertanejas e MPB. Recentemente, compôs, junto com o parceiro Cláudio Paladini - tecladista e diretor musical da dupla Chitãozinho e Xororó e dono de um Grammy Latino -  cinco músicas que em breve serão mostradas para  alguns artistas. 

Dalcio mora em Campinas (SP) com a esposa Lu e ‘Nanquim’, seu cão da raça dálmata.

Ediel Ribeiro (RJ)

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Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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