Coluna

O ÚLTIMO TANGO

ADEUS, BERTOLUCCI!

Rio - Fui ver "50 Tons de Cinza" com a mesma expectativa que em 1979 vi "O Último Tango em Paris".
 
Fiquei decepcionado. Cinquenta Tons de Cinza é um filme mal contado, oportunista e absurdamente constrangedor. Não há nada de moralista em minha crítica. Nada contra as cenas de sexo. O filme é banal e previsível.
 
Ao contrário de "O Último Tango em Paris", lançado em 1972 na Itália. No Brasil, por causa da censura militar, o filme só foi liberado em 1979.
 
Bernardo Bertolucci. (divulgação)
Bernardo Bertolucci. (divulgação)

O Último Tango em Paris é um drama erótico franco-italiano de 1972 gravado em 35 mm, dirigido por Bernardo Bertolucci e estrelado por Marlon Brando e a então desconhecida Maria Schneider.

 
O filme, considerado uma obra-prima cinematográfica e um sucesso de bilheteria mundial, causou uma enorme expectativa em nós brasileiros.
 
A violência sexual e o caos emocional anunciados no filme levaram a uma grande polêmica internacional sobre ele, que provocou vários níveis de censura governamental ao redor do mundo.
 
Lembro da correria que foi para comprar a revista Manchete, que trazia as fotos do filme, na semana de estréia. Esgotou-se rapidamente. E as pessoas guardavam seu exemplar como se fosse um panfleto subversivo.
 
Eu ainda era menor de idade quando vi o filme "Como é Boa Nossa Empregada", um longa brasileiro de 1973, do gênero comédia pornochanchada que o Ziraldo fez o cartaz.
 
Este sim, um filme realmente pornô. As imagens das sacanagens ainda povoam minha mente. E eu não via a hora de ver o filme com Marlon Brando e Maria Schneider. Só de ouvir falar em "O Último Tango", eu já ficava excitado.
 
Mas, ao contrário de "Cinquenta Tons de Cinza", o filme é bonito, limpo uma obra prima.
 
Eles só transam duas vezes. Uma, logo no início do filme, de pé, vestidos e outra é a da cena tão comentada do estupro em que ele passa manteiga e tudo. E pronto.
 
Mas, até essa cena é limpa. Ele está vestido. Você só nota porque ele tá em cima e ela em baixo, e pelos movimentos. A cena é filmada toda de cima, não há pornografia.
 
Fora isso, é ele dando banho nela com esponja e sabão e cantando canções de ninar. Nada mais sublime e romântico.
 
Mais forte do que essa, só a cena em que ele chora abraçado ao corpo da mulher que tinha se suicidado. É um filme erótico e comovente.
 
Bem diferente de "50 Tons de Cinza."
 
* Ediel é jornalista e escritor

Ediel Ribeiro (RJ)

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Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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