Romeu Zema lança sua pré-candidatura em São Paulo e promete "varrer o PT" do país
Alexandre de Moraes também é alvo de críticas do presidenciável

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), oficializou neste sábado (16/8), em São Paulo, sua pré-candidatura à Presidência da República. O evento marcou o início de sua trajetória nacional, com forte apelo contra o PT, críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e propostas centradas em segurança pública e reforma do Estado.
Diante de cerca de 1.500 apoiadores e parlamentares do Novo, Zema encerrou seu discurso sob o coro “Brasil pra frente, Zema presidente”, enquanto ao fundo o painel exibia o slogan “Brasil primeiro”. Em sua fala, reforçou a linha de oposição dura ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.
“Vamos chegar a Brasília para varrer o PT do mapa. Vamos chegar a Brasília para acabar com os abusos e perseguições do Alexandre de Moraes. Vamos chegar a Brasília para libertar o Brasil”, disse o pré-candidato. Segundo ele, as próximas eleições serão decisivas para enfrentar o que classificou como os três maiores inimigos do país: “o lulismo, os parasitas do Estado e as facções criminosas”.
Segurança e reformas como prioridades
Zema destacou a segurança pública como eixo central de sua pré-campanha, afirmando que as facções criminosas ameaçam transformar o país em um “narcoestado”. Defendeu a mobilização nacional das forças de segurança e criticou o custo social e financeiro da criminalidade.
No campo econômico, manteve o alinhamento histórico do Novo ao atacar os chamados privilégios do funcionalismo. “Quando se soma tudo isso, supersalários, pensões, mordomias, essa conta ultrapassa R$ 100 bilhões. Reformar o Estado e liquidar os privilégios é decisivo para o Brasil avançar”, afirmou.
Trajetória e gestão em Minas
Formado em Administração e com histórico empresarial, Zema voltou a citar a crise de 2015–2016 como marco de sua entrada na política, após precisar demitir milhares de funcionários de sua rede de lojas. Como governador, destacou resultados em áreas como segurança pública — com a redução de crimes ligados ao chamado “novo cangaço” — e investimentos em educação.
Apoios e cenário eleitoral
O lançamento contou com a presença de deputados do Novo, como Marcel van Hattem (RS) e Adriana Ventura (SP), além do senador Eduardo Girão (CE) e aliados como Ricardo Salles (SP) e Luiz Lima (RJ). O presidente nacional da legenda, Eduardo Ribeiro, também discursou em apoio, reforçando que o partido pretende ampliar sua representação no Congresso em 2026.
Apesar de buscar consolidar uma frente única da direita, Zema ainda deve disputar espaço com outros nomes do campo conservador, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que também testa viabilidade eleitoral para a corrida presidencial.
Com 14 meses até o pleito, o governador mineiro se posiciona como aposta do Novo para ampliar a bancada federal e dar protagonismo nacional a um partido que ainda busca espaço fora de nichos regionais.
Repercussão e racha na direita
O lançamento da pré-candidatura de Romeu Zema (Novo) à Presidência da República ampliou o clima de divisão entre nomes da direita que se colocam como alternativas ao Palácio do Planalto em 2026. Além do governador mineiro, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, também já lançou a sua pré-candidatura, enquanto outros governadores, como Tarcísio de Freitas (Republicanos), seguem sendo cotados como potenciais candidatos.
A movimentação, porém, provocou forte reação da família Bolsonaro, que vê nesses movimentos uma tentativa de ocupar o espaço político do ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente cumprindo prisão domiciliar no âmbito das investigações sobre tentativa de golpe de Estado.

No último sábado (16), o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) fez duras críticas aos governadores que se apresentam como presidenciáveis. Em uma longa publicação, afirmou:
“Tentei, até agora, ser a pessoa mais paciente possível diante desses chamados ‘governadores democráticos’. Mas os fatos, todos os dias, me provam que não há como levar nenhum desses sujeitos a sério.”
O vereador também relacionou a situação judicial e de saúde do pai a uma suposta falta de solidariedade dos líderes de direita e, em tom ainda mais contundente, acusou os governadores de oportunismo:
“Isso é desumano, sujo, oportunista e canalha. Não existe outra forma de qualificar tais atitudes. Fingem que vão resolver algo, falam em indulto para os perseguidos da falsa ‘trama golpista’, mas depois se escondem atrás da ‘prudência e sofisticação técnica’, lavam as mãos e seguem seus governos como se nada tivesse acontecido. Alegam ter feito sua parte, mas não passam de cúmplices covardes.”
Na parte mais dura do desabafo, Carlos comparou Zema, Caiado e outros a inimigos históricos da direita:
“A verdade é dura: todos vocês se comportam como ratos, sacrificam o povo pelo poder e não são em nada diferentes dos petistas que dizem combater. Limitam-se a gritar ‘fora PT’, mas não entregam liderança, não representam o coração do povo. Querem apenas herdar o espólio de Bolsonaro, se encostando nele de forma vergonhosa e patética.”
O vereador concluiu dizendo que sente indignação e vergonha diante dos rumos da direita fora do bolsonarismo:
“Isso é pueril, desumano e de uma falta de caráter indescritível. Não há como não sentir indignação diante desses sujeitos. Este é o desabafo de um brasileiro que sente vergonha daquilo que vocês tentam representar.”
A postagem de Carlos foi reforçada pelo irmão, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que compartilhou as críticas nas redes sociais. A ofensiva sinaliza o esforço da família em manter a liderança sobre o campo da direita e delimitar espaço contra pré-candidatos que buscam se apresentar como sucessores de Jair Bolsonaro.
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