Brasília - O Partido Liberal (PL), presidido por Valdemar Costa Neto, expulsou o deputado federal Antônio Carlos Rodrigues (SP) após declarações públicas em que ele criticou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e elogiou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

A expulsão foi anunciada nesta quinta-feira (31), por meio de nota disparada para um grupo de parlamentares da legenda. Em entrevista ao portal Metrópoles, no dia anterior, Rodrigues classificou como "absurda" a sanção imposta pelo governo dos EUA a Moraes com base na Lei Magnitsky, norma que permite punições a supostos violadores de direitos humanos. Ele também saiu em defesa do ministro, afirmando:

“É o maior absurdo que já vi na minha vida política. O Alexandre é um dos maiores juristas do país, extremamente competente. Trump tem que cuidar dos Estados Unidos. Não se meter com o Brasil como está se metendo.”

Críticas internas e expulsão

Segundo Valdemar Costa Neto, a expulsão ocorreu por forte pressão da bancada do partido. Em nota aos correligionários, ele justificou:

“Nossos parlamentares entendem que atacar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é uma ignorância sem tamanho. O que precisamos é de diplomacia e de diálogo, não de populismo barato. Chega de arrumar confusão.”

O episódio reabriu o debate sobre os limites da liberdade de expressão no PL. O partido, que frequentemente acusa o ministro Alexandre de Moraes de cercear liberdades, puniu um de seus quadros exatamente por expressar sua opinião publicamente.

A posição do partido evidencia o que analistas chamam de um “Tripé da Liberdade de Expressão” dentro do Partido Liberal: criticar o presidente do Brasil, defender Donald Trump e atacar o Supremo Tribunal Federal. Fora desse "tripé", parlamentares correm risco de sanções internas — como ocorreu com Antônio Carlos Rodrigues.

Postura crítica e independente

Filiado histórico ao PL, Antônio Carlos Rodrigues sempre foi muito fiel ao partido, mas em relação a ataques ao Brasil e suas instituições o parlamentar adotou postura independente, com posicionamentos firmes . Em entrevista ao site UOL, no sábado (26), ele criticou duramente o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que admitiu articular junto ao governo americano a taxação ao país e aplicação de sanções contra autoridades brasileiras.

“Acho que o Eduardo tem que ter mais atitude de parlamentar e menos atitude de filho”, disse Rodrigues, referindo-se à atuação do colega.

A fala foi mais um ponto de atrito com setores do partido e fortaleceu a pressão por sua saída.

Deputado diz que foi pego de surpresa

Rodrigues disse, em nota, que não foi comunicado oficialmente da expulsão e soube da medida pela imprensa:

“O PL sempre foi o único partido da minha vida. Nunca mudei de sigla. Sempre atuei com lealdade, respeito e coerência. As posições manifestadas recentemente foram fruto do exercício legítimo do mandato. Aguardo, com tranquilidade e responsabilidade, um posicionamento oficial do Partido Liberal.”