Internacional

Trump diz que pode conversar com Lula, mas "não agora"

Presidente dos EUA mantém apoio a Bolsonaro e evita diálogo imediato sobre tarifa de 50%

donald trump
Divulgação / White House - 

Brasília - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (11) que poderá conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a nova tarifa de 50% imposta às exportações brasileiras, mas adiou qualquer diálogo direto com o líder brasileiro.

“Talvez, em algum momento, eu possa falar com ele [Lula], mas não agora”, disse Trump, em breve declaração à imprensa na Casa Branca.

A postura do norte-americano ocorre em meio ao agravamento das tensões diplomáticas entre os dois países, desde que a Casa Branca anunciou a imposição unilateral das tarifas, que entram em vigor em 1º de agosto. A decisão foi comunicada formalmente em uma carta enviada a Lula na quarta-feira (9), na qual Trump ainda faz menções ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Durante a entrevista desta sexta-feira, Trump voltou a defender Bolsonaro, investigado por tentativa de golpe de Estado no Brasil.

“Ele é um homem honesto, que ama o seu povo e é um negociador muito forte”, declarou o presidente norte-americano.

Carta com viés político

Na carta enviada a Lula, Trump associa a medida comercial ao julgamento de Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e a decisões judiciais contra aliados do ex-presidente, muitos dos quais estão atualmente nos Estados Unidos. A menção explícita ao STF e a alegações de perseguição política reforçam o caráter político e retaliatório da sanção, segundo avaliação de autoridades brasileiras.

Reação do governo Lula

Em resposta, o presidente Lula afirmou que o Brasil é soberano, tem instituições democráticas sólidas e não aceitará ser pressionado por interesses estrangeiros. O governo também avalia recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC), apontando quebra de acordos multilaterais por parte dos Estados Unidos.

“Ninguém porá medo nesse país com discurso e com bravata”, declarou Lula durante evento no Espírito Santo, nesta sexta-feira.

A retaliação tarifária já foi criticada publicamente por setores empresariais, parlamentares e analistas de comércio internacional, que classificam a atitude de Trump como uma tentativa de interferência indevida nos assuntos internos do Brasil e um ataque à ordem institucional representada pelo STF.

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