Economia

Inflação em queda e PIB em alta: mercado ajusta previsões para a economia brasileira em 2025

Boletim Focus aponta redução da inflação para 5,18% e crescimento de 2,23% no PIB; Selic deve seguir em 15% até o fim do ano

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Pexels / Daniel Dan  -  

Belo Horizonte - O mercado financeiro voltou a revisar para baixo a previsão da inflação oficial do país. Segundo o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (7) pelo Banco Central, a estimativa para o IPCA de 2025 caiu de 5,2% para 5,18%, na sexta semana seguida de ajuste. Apesar da tendência de desaceleração, a projeção ainda está acima do teto da meta de 4,5% definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

O Boletim Focus reúne semanalmente as projeções de mais de cem instituições financeiras para os principais indicadores econômicos. Para os próximos anos, as expectativas seguem em trajetória de queda: 4,5% em 2026, 4% em 2027 e 3,8% em 2028.

A inflação acumulada em 12 meses até maio ficou em 5,32%, segundo o IBGE, com variação mensal de 0,26%, inferior aos 0,43% registrados em abril. O cenário é de desaceleração gradual, reflexo de menor pressão nos preços dos alimentos e da energia, além de efeitos do atual ciclo de juros elevados.

Juros seguem altos e devem permanecer assim

Mesmo com a queda da inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central surpreendeu o mercado ao decidir, em junho, elevar a taxa Selic para 15% ao ano – o sétimo aumento consecutivo. A justificativa da autoridade monetária é o cenário externo adverso e as dúvidas sobre o avanço fiscal do governo, que elevam os riscos de alta de preços à frente.

A expectativa é que a Selic se mantenha em 15% até o fim de 2025, com quedas graduais a partir de 2026, quando a taxa básica deve recuar para 12,5%, caindo para 10,5% em 2027 e 10% em 2028.

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação. Quando os juros sobem, o crédito fica mais caro, o consumo tende a recuar e os preços se estabilizam. Mas juros altos por longos períodos também freiam investimentos e podem afetar a retomada do crescimento econômico.

Crescimento econômico revisado para cima

Do lado da atividade, a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2025 subiu levemente, de 2,21% para 2,23%, de acordo com o Focus. Para os anos seguintes, a projeção é de 1,86% em 2026 e 2% em 2027 e 2028.

A economia brasileira teve alta de 1,4% no primeiro trimestre de 2025, puxada pela agropecuária, especialmente a produção de grãos. O dado é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2024, o PIB teve expansão de 3,4%, o melhor resultado desde 2021.

Câmbio pressionado por incertezas externas

A previsão do mercado para o dólar também subiu. A expectativa é que a moeda americana encerre 2025 em R$ 5,70, e 2026 em R$ 5,75. A valorização do dólar tem sido impulsionada por fatores como a política monetária nos Estados Unidos, os desdobramentos geopolíticos no cenário internacional e as incertezas fiscais no Brasil.

Apesar da pressão sobre a taxa de câmbio, a entrada de capital estrangeiro no setor produtivo e a estabilidade nas contas externas têm ajudado a conter movimentos mais abruptos no mercado de divisas.

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