Saúde

Internações por doenças inflamatórias intestinais crescem 61% em uma década no SUS

Campanha Maio Roxo alerta para diagnóstico precoce e tratamento adequado de doenças como Crohn e retocolite ulcerativa

FOTO: ROGERIO SANTANA - 

Brasília - O número de internações por doenças inflamatórias intestinais (DIIs) no Sistema Único de Saúde (SUS) aumentou 61% nos últimos dez anos, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) com base nos dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS, do Ministério da Saúde.

Em 2015, foram registradas 14.782 internações, número que saltou para 23.825 em 2024, totalizando 170 mil hospitalizações ao longo do período. As doenças inflamatórias intestinais, como doença de Crohn e retocolite ulcerativa, são crônicas, sem cura definitiva, mas com tratamento que permite controlar os sintomas e garantir qualidade de vida ao paciente.

A SBCP lançou a campanha Maio Roxo para alertar a população sobre a importância da detecção precoce. O Dia Mundial das Doenças Inflamatórias Intestinais, celebrado em 19 de maio, marca o auge das ações de conscientização.

“O número de internações aumentou exponencialmente nos últimos anos não só pela severidade dos casos, mas também pelo aumento da incidência, isto é, aparecimento de novos pacientes sem tratamento”, destaca a diretora de comunicação da SBCP, a coloproctologista Ana Sarah Portilho.

Segundo a especialista, há maior incidência das DIIs em regiões urbanas e industrializadas. O presidente da SBCP, Sergio Alonso Araújo, reforça que o tratamento precoce evita complicações e melhora a resposta aos medicamentos.

“Nosso objetivo é alertar para a importância do diagnóstico precoce e em seguida do tratamento adequado, a fim de proporcionar melhor qualidade de vida ao paciente e até mesmo remissão dos sintomas”, afirma Araújo.

As doenças inflamatórias intestinais são mais comuns em adultos jovens, em fase produtiva da vida. Quando não controladas, podem afetar gravemente a rotina, a vida profissional e o bem-estar dos pacientes.

“Podem acometer pessoas de todas as idades, mas são muito comuns em adultos jovens, que estão em uma fase produtiva da vida. Então, são doenças que, se não forem tratadas adequadamente e controladas, podem tirar a qualidade de vida do paciente, causar faltas ao trabalho e prejudicar muito esses pacientes e a família deles. São doenças que exigem um diagnóstico e um acompanhamento médico contínuos”, afirma a coloproctologista Mariane Savio.

Os sintomas mais comuns das DIIs incluem:

  • Diarreia crônica (com sangue, muco ou pus)

  • Dor abdominal

  • Perda de peso

  • Cansaço excessivo

  • Urgência para evacuar

  • Falta de apetite

Em casos graves, podem ocorrer anemia, febre, distensão abdominal e até mesmo manifestações em outras partes do corpo, como artrite, dermatite e inflamações oculares.

A doença de Crohn pode afetar todo o trato gastrointestinal (da boca ao ânus), atingindo inclusive camadas profundas do intestino. Já a retocolite ulcerativa acomete a mucosa do intestino grosso. Os fatores que causam essas doenças ainda não são totalmente compreendidos, mas incluem predisposição genética, fatores imunológicos e ambientais — sendo o tabagismo um fator agravante reconhecido.

O diagnóstico é feito com base no histórico clínico do paciente e exames como colonoscopia, endoscopia, tomografia e ressonância magnética.

“O tratamento precoce da doença, ou seja, nos primeiros dois anos de sintomas, reduz muito o risco de o paciente vir a precisar de cirurgias, por exemplo, e melhora a resposta dele aos tratamentos. Os estudos mostram que os tratamentos, quando são instituídos mais precocemente, têm uma resposta muito melhor do que quando tardiamente”, afirma Mariane.

As opções terapêuticas envolvem mudanças no estilo de vida (alimentação saudável, abandono do cigarro e atividade física regular) e o uso de medicamentos como aminossalicilatos, imunossupressores e imunobiológicos, conforme o estágio da doença. A SBCP destaca os avanços recentes nas terapias disponíveis, ampliando as chances de controle eficaz.

A campanha Maio Roxo está sendo divulgada nas redes sociais da entidade, com vídeos e publicações informativas voltadas à população. Para saber mais, acesse o Instagram oficial da SBCP.

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