Coluna

UBER: motoristas golpistas

- Athaliba, órgãos de defesa do consumidor registram, dia-a-dia, aumento de denúncias de golpes perpetrados por motoristas golpistas, parceiros da UBER. Os tais motoristas de aplicativos aplicam várias modalidades de golpes, como cobranças abusivas e tarifas excessivas pelo uso do ar-condicionado, por exemplo. O Rio de Janeiro e outras metrópoles são territórios arrasados, nos quais, eles, em larga maioria, não sofrem punições dos golpes aplicados a milhares de usuários.

- Marineth, o aplicativo Reclame Aqui também contabiliza milhares de reclamações contra a UBER. Lá, no 1º semestre do início da década, foram 30.000 reclamações, com esse número dobrando um ano depois. A situação se agrava. Cobranças indevidas somaram 6.673; estorno do valor pago atingiu 5.766 queixas; cobranças abusivas chegaram à totalidade de 4.142 protestos.

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Órgãos de defesa do consumidor contabizam milhares de denúncias de golpes pelo aplicativo contra usúarios. Foto: Reprodução  

- Athaliba, dia 4/7, policiais prenderam em flagrante motorista de aplicativo por extorsão, ao cobrar R$ 1,5 mil da usuária para devolver o aparelho celular que ela esqueceu no carro. O caso ocorreu em corrida entre os bairros Santa Rosa e Icaraí, em Niterói. A passageira, ao se preparar para passar o dinheiro ao motorista, chamou agentes da 76ª DP - Delegacia Policial.

- Covardia, né, Marineth?

- Athaliba, policiais descobriram que o telefone do motorista usado para praticar a extorsão era vinculado a familiares. E, aí, armaram tocaia para prendê-lo, quando a usuária iria entregar o dinheiro, em frente de um supermercado em São Gonçalo. O motorista responderá pelo crime de extorsão, cuja pena pode chegar a 10 anos de prisão. E o golpista teve o carro apreendido.

- Marineth, tem casos tão graves tanto quanto à extorsão sofrida pela usuária. O episódio, aliás, não é exclusividade com ela. O tipo de situação é corriqueiro, banal. Golpe desferido contra usuários, por variados tipos de objetos esquecidos nos carros de aplicativo, é comum. Mas, a polícia, investiga, também, denúncias de motoristas envolvidos com facções de narcotraficantes.

- Como assim, Athaliba?

- Marineth, o Rio de Janeiro (célula máter de modalidades de crimes que alastra pelo país) tá sempre à frente no submundo da marginalidade. E, em atenção a esse aspecto, a inteligência da Secretaria de Segurança Pública apura envolvimento de motoristas golpistas de aplicativo em prestação de serviços a traficantes, como entrega e transporte de drogas, pelo estado.

- Athaliba, uma amiga falou isso comigo, desconfiada que o motorista de aplicativo, Cláudio Roberto, que lhe aplicara um golpe, estaria ou não sendo investigado. Disse que ele não finalizou, no celular, a corrida, no final do percurso Rio-Niterói, sendo cobrada, depois, pela UBER, quando solicitou novo serviço de viagem.

- Como ela particularizou o caso, Marineth?

- Athaliba, o tal motorista, em 26 de março, acionado pela UBER, revelou, durante o trajeto, ter recusado várias solicitações, antes de conduzi-la. E ele aceitou a corrida do Rio para Niterói porque o pagamento seria feito em espécie (papel bordado). Ao acessar a praça de pedágio da ponte pediu que ela fizesse o pagamento, pois descontaria do valor total da corrida. Ela o obrigou a fazer o pagamento do pedágio pelo PIX, mas a servidora da concessionária não aceitou.

- E foi isso mesmo, Marineth?

- Foi, Athaliba. Ela fez o pagamento de R$ 6,20. Após a travessia, disse ele que trabalhava na UBER há 10 anos (desde quando tinha 18 anos), estando com 28 anos de idade. E a empresa ganhava 20% do valor de cada corrida que fazia. Ressabiada com sua atitude, de não deixar à mostra o celular no painel do carro, relatou fatos que sabia de motoristas desonestos, golpistas.

- Não adiantou de nada, né, Marineth?

- De nada adiantou, Athaliba. Não se comoveu com casos de golpistas explicitados por ela. Pediu, no ponto final do trajeto, que encerrasse a corrida no aplicado do celular. Com o aparelho no colo, a gentileza dos canalhas estampada na cara, disse que concluíra a viagem no aplicativo. O golpe se tornou visível quando, no pedido de viagem para retorno ao Rio, a UBER anunciava no celular dela que não fizera o pagamento anterior. E assim se deu seguidas vezes.

- Marineth, a UBER é uma empresa estadunidense, criada em 2009, atuando em 10.500 cidades de 70 países, prestando serviços de transporte privado, por aplicativo, semelhante a taxi. O embaixador Juracy Magalhães, durante a ditadura civil-militar, cunhou a frase: “O que é bom para os EUA é bom para o Brasil”. É a coisa mais absurda repetida no Brasil. É ou não é?

Lenin Novaes

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Crônicas do Athaliba

LENIN NOVAES jornalista e produtor cultural. É co-autor do livro Cantando para não enlouquecer, biografia da cantora Elza Soares, com José Louzeiro. Criou e promoveu o Concurso Nacional de Poesia para jornalistas, em homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade. É um dos coordenadores do Festival de Choro do Rio, realizado pelo Museu da Imagem e do Som - MIS

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