Fundador da Ultrafarma, Sidney Oliveira, é preso em operação contra corrupção fiscal em SP
Empresário de 71 anos é acusado de envolvimento em esquema que teria movimentado R$ 1 bilhão em propinas desde 2021

São Paulo - O empresário Aparecido Sidney de Oliveira, fundador da rede de farmácias Ultrafarma, foi preso temporariamente nesta terça-feira (12) durante uma operação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) que mira um suposto esquema de corrupção envolvendo auditores fiscais tributários da Secretaria de Estado da Fazenda.
Oliveira, de 71 anos, foi detido em sua chácara, em Santa Isabel, na Grande São Paulo. Nascido em Nova Olímpia (PR), Sidney Oliveira começou a trabalhar em farmácia aos nove anos, em meio a dificuldades financeiras. Alfabetizado por meio do Movimento Brasileiro de Alfabetização para Jovens e Adultos, criado por Paulo Freire, não chegou a cursar universidade.
Fundada em 2000, a Ultrafarma se destacou como pioneira na venda de medicamentos genéricos e no comércio eletrônico, alcançando mais de um milhão de clientes ativos e cerca de quinze mil produtos disponíveis. A marca investiu fortemente em publicidade e mídia, levando Oliveira a participar de programas como Roda a Roda (SBT) e a apresentar o Ultra Show – Sidney Oliveira (RedeTV).
Durante as eleições municipais de 2024, declarou apoio ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), justificando o gesto pelo “compromisso com a melhoria dos serviços de saúde”.
A operação
Segundo o MP-SP, a investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão aos Delitos Econômicos (GEDEC) aponta a atuação de um auditor fiscal de alto escalão que manipulava processos administrativos para favorecer empresas do varejo na quitação de créditos tributários. Em troca, recebia pagamentos mensais de propina por meio de uma empresa em nome da mãe.
O esquema teria arrecadado cerca de R$ 1 bilhão em propinas desde 2021. Além de Oliveira, outros cinco suspeitos foram presos, entre eles Mario Otávio Gomes, diretor estatutário do grupo Fast Shop.
O advogado Fernando Capez, que defende Oliveira, disse que seu cliente celebrou anteriormente um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) reconhecendo irregularidades tributárias, com parcelamento e pagamento dos valores devidos. Capez informou ainda que está analisando os motivos da nova prisão.
A Secretaria de Estado da Fazenda informou, em nota, que está à disposição das autoridades e colaborará por meio da Corregedoria da Fiscalização Tributária (Corfisp).
Os investigados poderão responder por corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços residenciais e sedes de empresas.
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