Cidades

Moradores do Barreiro denunciam descaso da Prefeitura e cobram obras de pavimentação e iluminação pública

SAMU não consegue entrar para prestar socorro a idosa com princípio de enfarto.

Moradores da rua Baixada Grande, no bairro Barreiro, convidaram a reportagem do Folha de Minas para mostrar como vivem as famílias que ali residem em condições desumanas. Na rua Baixada Grande, que liga o Barreiro à estrada do Candidópolis, não há a mínima infra-estrutura. Durante a seca os moradores vivem sufocados pela poeira e quando chove ficam ilhados pela lama. A situação pode ser comparada a lugares remotos deste país, que constantemente chamam a atenção da mídia nacional. Difícil acreditar que a rua em questão está em um bairro na zona urbana de Itabira, cidade que tem uma das maiores arrecadações do Estado.

Quando chove as ruas ficam praticamente intransitáveis. (Fotos: Amadeu Silva/Ageu Ebert)
Quando chove as ruas ficam praticamente intransitáveis. (Fotos: Amadeu Silva/Ageu Ebert)

 

As obras que os moradores reivindicam são baratas e fáceis de serem feitas. As ruas são planas e não exige alto investimento. Para executá-las basta apenas um pouco de respeito da administração pública para com os moradores que vivem ali sem o mínimo de dignidade.

Uma das reclamações feitas pelas mães é que as crianças perdem aula quando chove por não conseguirem romper o lamaçal que se forma nas ruas, principalmente próximo a ponte que fica intransitável.

Outra coisa que atormenta a vida dos moradores é a escuridão. Há energia elétrica apenas nas residências, mas nas ruas não há iluminação pública. A rede elétrica chega às casas na base do improviso, enquanto nas ruas a escuridão é total.

Os moradores alegam que já estão cansados de reclamar na Prefeitura, que nada faz para resolver o problema e ainda, vez ou outra, desvia o trânsito de caminhões pesados para a referida rua, o que causa ainda mais transtornos. São caminhões lotados de britas em uma rua cheia de buracos e com os baques no solo as construções, que são frágeis, acabam trincando. Eles prometem que agora, se não houver uma resposta da Prefeitura para suas reivindicações, vão bloquear a passagem e impedir este desvio.

Caminhão da ITAURB ficou preso na lama e precisou ser rebocado por uma máquina. (Foto: Amadeu Silva)
Caminhão da ITAURB ficou preso na lama e precisou ser rebocado por uma máquina. (Foto: Amadeu Silva)

De acordo com o morador Amadeu Silva, em épocas de chuva os moradores ficam privados dos principais serviços. Há poucos dias um caminhão da ITAURB entrou para coletar o lixo e ficou atolado, tendo que ser rebocado por uma máquina.

Até mesmo a ambulância do SAMU ficou presa no lamaçal. Na noite da última terça-feira (24) a idosa Nerina Pinto Costa, 84 anos, passou mal e teve que ser socorrida às pressas. O SAMU foi chamado mas não conseguiu chegar ao local porque havia muita lama devido as chuvas que caíram durante a tarde. De acordo com seu genro, Valmir Claudio, eles tiveram que se virar para socorrer a idosa, procurando saídas alternativas em seu próprio automóvel, que também ficou agarrado e teve que ser empurrado. A senhora Nerina foi conduzida ao Pronto Socorro, onde foi constatado principio de enfarto ficando ela  em observação. De acordo com Valmir, os médicos fizeram algumas recomendações à família e informaram que a demora nesse tipo de atendimento pode colocar em risco a vida do paciente e orientaram a agir com rapidez caso haja novos sintomas. Os familiares temem que ela possa precisar de atendimento em dias de chuva e que novamente o SAMU não consiga entrar.

Os moradores acreditam que o descaso da administração com eles é porque são pessoas humildes e “não merecem atenção e por isso estão jogados às traças.”

Segundo Ângela Donato , um caminhão ao tentar fazer a curva deslizou no barro e quase caiu sobre sua casa, parando dependurado. (Foto: Ageu Ebert)
Segundo Ângela Donato , um caminhão ao tentar fazer a curva deslizou no barro e quase caiu sobre sua casa, parando dependurado. (Foto: Ageu Ebert)

Amadeu Silva aproveitou a presença da reportagem para fazer um alerta de acidentes que podem vir a acontecer, caso a situação não seja resolvida. Segundo ele, o convite ao Folha de Minas é para que ninguém possa alegar que não foi alertado caso aconteça ali o pior. Ele nos conduziu até a residência da moradora Ângela Donato, onde vivem cinco pessoas. Lá há poucos dias um caminhão pipa deslizou na lama e desgovernado quase caiu sobre a casa desta senhora. No momento apenas ela estava na residência, mas o susto foi grande.

Vendo a movimentação dos moradores que conversavam com nossa reportagem, Ângela Donato também foi até a rua para contar o que aconteceu. Segundo ela, o caminhão ao tentar fazer a curva deslizou no barro e parou dependurado tendo que ser rebocado. Ângela disse que essa não é a primeira vez que sua casa quase é atingida por veículos que transitam ali em dias de chuva e teme que o pior possa acontecer a qualquer momento. “Um outro caminhão há um tempo atrás já passou e bateu neste padrão que está aqui (disse ela apontando para um amassado no padrão de luz). Há pouco tempo quase acidentou o meu menino. Aqui a gente tem criança e eu sei que se cair um caminhão aqui eu vou morrer”, e apontando um pouco mais a frente completou: “Ali melhorou um pouco porque o caminhão da ITAURB ficou atolado um dia desses, então vieram e rasparam o barro para o canto da rua”.

Amadeu Silva disse ainda que vive de olho no serviço de meteorologia para saber como anda o tempo. Segundo ele, quando há previsão de chuva ele leva a sua família para a casa de parentes em outro bairro porque sabe que depois de chover torna-se impossível entrar ou sair do local.

Os moradores pedem ao Prefeito Damon o asfaltamento, colocação de rede pluvial e esgoto e iluminação pública. Segundo eles, trabalhadores e estudantes têm que enfrentar a escuridão todos os dias, às vezes rompendo lama, e temem pela sua segurança devido a violência que tomou conta da cidade.

Quando saíamos do bairro fomos parados mais a frente por outros moradores que, desta vez, reclamaram do transporte coletivo e pediram reforço pelo menos nos horários de pico. Segundo eles, os ônibus que servem o bairro andam lotados e às vezes não param nos pontos. Em outros casos, pessoas ficam para trás por não conseguirem embarcar devido a super lotação e acabam perdendo serviço.

O Folha de Minas vai acompanhar o desenrolar do caso e espera poder noticiar em breve o atendimento às reivindicações dos moradores.

Comentários


  • 31-03-2015 09:26:00 Cristiane Silva

    Que coisa triste, você vê as pessoas de bem enfrentando essas dificuldades, não da para entender. Os políticos no geral estão pensando em si próprio. Agora o que me preocupa é que estamos cansados de ver tragédias com incêndio por causa de rede elétrica mal feita, exatamente igual esta. O Dr. Damon prometeu investir na segurança e todo mundo sabe que quando se fala em segurança a primeira coisa tem que ser uma boa iluminação nas ruas. Itabira é rica e não pode aceitar uma coisa como esta. Se é a prefeitura faça, se é a Cemig cobre, o senhor é o nosso prefeito