Embaixada dos EUA ameaça ministros do STF e tenta interferir no julgamento de Bolsonaro
Pesquisa Datafolha mostra que 55% dos brasileiros concordam com as restrições aplicadas pelo STF ao ex-presidente

Brasília - A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil publicou nesta quinta-feira (7) uma nota contundente nas redes sociais contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do processo que o ex-presidente Jair Bolsonaro responde por tentativa de golpe de Estado. Na mensagem, o órgão americano acusa Moraes de liderar “censura e perseguição contra Bolsonaro e seus apoiadores” e alerta que aliados do ministro “no Judiciário e em outras esferas estão avisados para não apoiar nem facilitar a conduta de Moraes”, ameaça a nota. O texto também menciona as sanções impostas contra o ministro pela Lei Magnitsky, estabelecidas pela administração do presidente Donald Trump.
No início de julho, Trump já havia enviado uma carta ao governo brasileiro, exigindo, em letras maiúsculas, que o processo contra Bolsonaro fosse suspenso: “Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”. Essa tentativa explícita de interferência externa nas instituições brasileiras foi amplamente repudiada no país.
Pesquisa recente do Datafolha indica os brasileiros confiam na Justiça brasileira e apoiam a continuidade do julgamento de Bolsonaro, rejeitando a intromissão dos Estados Unidos. Segundo o levantamento, 48% dos entrevistados avaliam que o ex-presidente deveria ser preso devido à sua participação na tentativa de golpe. Além disso, 55% concordam com as restrições aplicadas pelo STF a Bolsonaro, e 61% dos eleitores afirmam que jamais votariam em um candidato que defendesse anistia para os condenados pelos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro.

Pressão internacional e crise política interna
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, tem atuado nos Estados Unidos para mobilizar forças políticas contra o governo brasileiro, incluindo ações que influenciaram a imposição de tarifas americanas de até 50% sobre produtos brasileiros, prejudicando a economia e o emprego. Eduardo confirmou em entrevistas que segue nos EUA buscando novas sanções contra o Brasil.
Internamente, a base bolsonarista promoveu invasões às mesas diretoras da Câmara e do Senado na última semana, cobrando a votação de um projeto de anistia geral que beneficiaria os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro aos prédios dos Três Poderes, inclusive o próprio Bolsonaro.
As autoridades nacionais têm atuado firmemente para conter grupos radicais que se recusam a reconhecem os resultados eleitorais de 2022. Durante seu mandato, Bolsonaro afirmou que aceitaria o resultado da votação da PEC 135/19, que tornaria obrigatório o voto impresso. Contudo, após a rejeição do tema na Câmara, ele continou a questionar a legitimidade das urnas e das eleições, alinhando-se a setores da extrema-direita que buscam enfraquecer a democracia.
O Brasil é reconhecido mundialmente pela robustez do seu sistema eleitoral e pela imparcialidade das instituições. O episódio do ataque ao Capitólio nos EUA em janeiro de 2021, incentivado por Donald Trump, encontra paralelo nos ataques golpistas de 8 de janeiro, porém com resposta legal e institucional muito mais eficaz no Brasil.
Processo legal e provas contundentes
Bolsonaro tem garantido amplo direito de defesa no STF, que conduz o julgamento de acordo com os preceitos constitucionais e legais. A Polícia Federal coletou provas contundentes sobre a trama golpista, incluindo planos para assassinar o presidente democraticamente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o proprio ministro do Supremo, Alexandre de Moraes.
Enquanto o ex-presidente goza dos direitos garantidos pela democracia, o Brasil enfrenta tensões internas e pressões externas que reforçam a necessidade de unidade e respeito às instituições.
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