Lula diz que Brasil não baixará a cabeça diante de tarifas de Trump
Presidente afirma ter apoio popular para enfrentar sanções e critica articulação de Bolsonaro nos EUA

Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (11) que o governo brasileiro tem apoio popular para enfrentar a taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos a todos os produtos exportados pelo Brasil. Em discurso durante cerimônia oficial em Linhares (ES), Lula classificou a medida como uma “bravata” do presidente norte-americano Donald Trump e afirmou que o país “não baixará a cabeça para ninguém”.
“Esse país não baixará a cabeça para ninguém. Ninguém porá medo nesse país com discurso e com bravata. Ninguém. E eu acho que, nesse aspecto, nós vamos ter o apoio do povo brasileiro, que não aceita nenhuma provocação”, declarou Lula.
A fala ocorre um dia após Trump oficializar a tarifa comercial, sob o argumento de que os EUA teriam prejuízo no comércio bilateral — o que foi desmentido por dados oficiais. Segundo Lula, os Estados Unidos acumulam superávit de US$ 410 bilhões com o Brasil nos últimos dez anos, considerando bens e serviços.
“Entre comércio e serviço, nós temos um déficit de US$ 410 bilhões com os EUA. Eu que deveria taxar ele”, ironizou o presidente.
“Trump está mal informado”, completou.
Críticas a Bolsonaro e defesa da reciprocidade
Lula também criticou duramente o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de comandar uma tentativa de golpe de Estado. O atual presidente afirmou que, em vez de enfrentar os processos no Brasil, Bolsonaro busca proteção no exterior.
“Que tipo de homem é esse que não tem vergonha para enfrentar o processo de cabeça erguida e provar que é inocente?”, questionou.
“Quem está denunciando ele não é ninguém do PT, são os generais e o ajudante de ordens dele, que era coronel do Exército.”
Segundo Lula, a ação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos pedindo ajuda ao governo Trump para o pai, é mais uma evidência da articulação externa contra o Brasil.
“O ‘coisa’ mandou o filho, que era deputado, se afastar da Câmara para ir lá, ficar pedindo: ‘Ô Trump, pelo amor de Deus, salva meu pai, não deixa meu pai ser preso’. É preciso que essa gente crie vergonha na cara”, afirmou.
Retaliação e alternativas diplomáticas
O presidente voltou a mencionar o possível uso da Lei de Reciprocidade Econômica caso não haja acordo diplomático com Washington. A proposta é que o Brasil também possa taxar produtos norte-americanos, caso a medida de Trump permaneça em vigor.
Nos bastidores do governo, há o entendimento de que a tarifa é uma tentativa de chantagem política, relacionada à atuação do Brasil no Brics, ao debate sobre regulação das big techs e às decisões judiciais envolvendo Bolsonaro.
Enquanto isso, o ex-presidente, em publicação nas redes sociais, elogiou Donald Trump e afirmou que o Brasil está se afastando de “compromissos com a liberdade”. Ele negou envolvimento em atos golpistas, mesmo diante das denúncias da PGR.
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