Belo Horizonte - O governo do Irã lançou, na madrugada desta segunda-feira (24), um ataque com mísseis contra a base militar norte-americana de Al-Udeid, localizada no Catar, em represália aos bombardeios realizados pelos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas no sábado (21). A ofensiva foi divulgada pelas agências estatais iranianas Fars News e IRNA News e posteriormente confirmada pelas autoridades catarianas.

De acordo com comunicado do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, a ação teve caráter retaliatório e buscou atingir proporcionalmente a ofensiva norte-americana. “As forças armadas da República Islâmica do Irã destruíram a base aérea americana em Al-Udeid, no Catar, como resposta à ação agressiva dos Estados Unidos contra nossas instalações nucleares”, afirma o texto.

O governo iraniano disse ainda que a quantidade de mísseis usados no ataque foi equivalente ao número de bombas lançadas pelos EUA contra as usinas de Fordow, Natanz e Esfahan, no último sábado. Apesar do ataque, Teerã assegurou que sua ação não visava diretamente o Catar, aliado regional, e que "segue comprometido com as relações históricas e amistosas com o povo catariano".

Catar confirma ataque e promete resposta

O ministro das Relações Exteriores do Catar, Majed Al Ansari, condenou com veemência o ataque, classificando-o como uma "violação clara da soberania nacional". Segundo ele, os mísseis foram interceptados pelas defesas aéreas do país e não houve feridos. A evacuação da base havia ocorrido previamente, em função do aumento das tensões regionais.

“Afirmamos que o Catar se reserva o direito de responder diretamente de maneira equivalente à natureza e à escala desta agressão descarada, em conformidade com o direito internacional”, declarou Al Ansari em comunicado oficial.

Explosões e sinalizadores foram observados nos céus de Doha, capital do país, segundo relatos da emissora Al-Jazeera. O espaço aéreo do país também foi fechado temporariamente após o incidente.

Base Al-Udeid

Localizada nos arredores de Doha, Al-Udeid é considerada a maior base militar dos EUA no Oriente Médio, com cerca de 10 mil militares e civis. Inaugurada em 1996, a base é um ponto estratégico para as operações americanas na região.

Escalada da tensão

A ofensiva iraniana representa mais um capítulo na crescente instabilidade do Oriente Médio. No último dia 13, Israel realizou um ataque surpresa contra alvos no Irã, alegando que o país está próximo de desenvolver uma arma nuclear. Como resposta, os Estados Unidos bombardearam três das principais instalações nucleares iranianas no sábado (21).

O Irã nega buscar armamento nuclear e afirma que seu programa atômico tem fins exclusivamente pacíficos. Mesmo assim, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tem expressado preocupação com a falta de cooperação iraniana, embora reconheça que não há evidências conclusivas sobre a produção de ogivas nucleares.

Em março deste ano, o setor de inteligência dos Estados Unidos declarou que o Irã não estava construindo armas nucleares — uma avaliação que agora está sendo contestada pelo ex-presidente Donald Trump, que voltou a atuar politicamente no debate.

Israel, que historicamente se opõe à nuclearização do Irã, também é acusado de manter um programa secreto de armas atômicas desde a década de 1950. Diversos relatórios internacionais indicam que o país possui ao menos 90 ogivas nucleares — embora nunca tenha confirmado oficialmente.