Câmaras dos EUA reagem a tarifa de Trump e dizem que medida prejudica famílias e empresas americanas
Em nota conjunta, entidades pedem diálogo urgente e alertam para risco de crise comercial com o Brasil

Brasília - A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar em 50% todas as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto começa a gerar reações não apenas no Brasil, mas também dentro do próprio território norte-americano. Nesta terça-feira (15), duas das principais entidades empresariais que atuam entre os dois países — a Câmara de Comércio dos EUA e a AmCham Brasil — divulgaram uma nota conjunta contrária à medida.
O recado é direto: a tarifa pode sair cara para o próprio consumidor americano.
Segundo as entidades, a medida anunciada por Trump "impactaria produtos essenciais para as cadeias de suprimentos e os consumidores dos EUA, aumentando os custos para as famílias e reduzindo a competitividade das principais indústrias americanas".
Relação afetada nas duas pontas
A nota traz números que ajudam a dimensionar o impacto: mais de 6,5 mil pequenas empresas nos EUA dependem de produtos vindos do Brasil. Além disso, 3,9 mil companhias norte-americanas mantêm investimentos no país sul-americano, em setores como alimentos, energia, insumos industriais e tecnologia.
Só em 2023, o Brasil movimentou quase US$ 60 bilhões em bens e serviços dos EUA. É, portanto, um dos dez maiores parceiros comerciais dos norte-americanos.
“Impor tais medidas em resposta a tensões políticas mais amplas corre o risco de causar danos reais a uma das relações econômicas mais importantes dos Estados Unidos e estabelece um precedente preocupante”, alerta o texto assinado pelas duas câmaras.
Apelo por diálogo
No lugar do confronto, as entidades defendem a diplomacia. Elas pedem que os governos dos dois países iniciem imediatamente negociações para evitar prejuízos econômicos e institucionais de longo prazo. A preocupação vai além dos números e se estende à confiança mútua construída ao longo de décadas.
“Uma relação comercial estável e produtiva entre as duas maiores economias do Hemisfério beneficia os consumidores e sustenta empregos e a prosperidade mútua”, conclui a nota.
O pano de fundo da disputa
Trump anunciou a tarifa como resposta a decisões judiciais no Brasil que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados que vivem nos Estados Unidos. A Casa Branca ainda não comentou a reação das entidades empresariais, mas o tom da nota revela que, no setor privado, cresce a insatisfação com o uso de sanções comerciais como instrumento de pressão política.
Enquanto isso, empresas brasileiras e americanas vivem dias de incerteza — e torcem para que o caminho da negociação prevaleça antes que os prejuízos se tornem irreversíveis.
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