Economia

Brasil tem descompasso entre crescimento do PIB e da renda

Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri, apresenta dados sobre o desenvolvimento anuan da renda per capita (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom /Agência Brasil)
Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri, apresenta dados sobre o desenvolvimento anuan da renda per capita (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom /Agência Brasil)

O Brasil apresenta descompasso entre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e riquezas produzidos em um país) e o aumento da renda da população. Conforme dados apresentados hoje (20) pelo ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Marcelo Neri, entre 2003 e 2013 o desenvolvimento anual da renda per capita ficou em 4,7%, enquanto o PIB per capita cresceu 2,8%. Na prática, isso significa que a capacidade do país em produzir fica aquém do potencial de consumo.

O ministro divulgou as informações durante lançamento do primeiro volume do estudo Produtividade no Brasil - Desempenho e Determinantes, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Embora os números citados por Neri não estejam na pesquisa, o diagnóstico é semelhante. Aponta, por exemplo, que, entre 2000 e 2009, a taxa média de crescimento anual do PIB, de 3,42%, teve pouca relação com alta da produtividade.

"Apenas um terço desse crescimento [do PIB] pode ser atribuído ao crescimento da produtividade no trabalho. Os dois terços restantes advieram do crescimento do pessoal ocupado (...) Isso explica porque o PIB per capita descola-se da produtividade no trabalho", ressalta o estudo. Tecnologia da informação, infraestrutura, qualificação de mão de obra e ambiente de negócios estão entre as áreas destacadas como carentes de investimentos para aumentar a produtividade.

"O Brasil tem entregue bem estar à população, mas a preocupação é que isso se sustente. O crescimento da renda do brasileiro não está sendo gerado por quantidade de trabalho, mas sim por qualidade, medida por salário ou formalidade", salientou Marcelo Neri, defendendo a necessidade de conciliação entre as variáveis. "É preciso pensar em ambiente de negócios abrangente, infraestrutura, investimento pessoas, mobilidade do trabalhador e renda do trabalhador", acrescentou.

Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, que também é presidente da ABDI, esteve no lançamento do estudo. Ele disse que é preciso aumentar a produtividade para garantir novo ciclo de crescimento no Brasil. "Sabemos que a produtividade está aquém do tamanho do mercado de consumo. No ciclo passado, tivemos amplo processo de inclusão social e a criação de uma sociedade de consumo de massa, o que viabilizou o crescimento. Para o próximo ciclo, a produtividade tem de ter papel de liderança", assinalou. 

Para Borges, o governo já encaminhou algumas ações necessárias. "Temos o Plano Brasil Maior [de estímulo à indústria] e precisamos dar continuidade ao processo de recuperação da infraestrutura. Na questão da escolaridade, o Brasil tem feito grandes investimentos. O Pronatec é a evidência mais clara", concluiu.

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